Ficha técnica da faixa:
voz – Gilberto Gil
vocal – Caetano Veloso
arranjo – Rogério Duprat
vocal – Os Mutantes
Outras gravações:
“Afrociberdelia”, Chico Science & Nação Zumbi, Sony Music
“Mutantes ao vivo”, Mutantes, Sony/BMG
“Rita Lee ao vivo”, Rita Lee, Biscoito Fino
“A banda tropicalista do Duprat”, Rogério Duprat, Universal Music
“O Caetano e eu sentados no chão do apartamento dele, na avenida São Luís, centro de São Paulo, compondo a música: o que a gente queria, hoje me parece, era fazer uma canção com um dístico que fosse despida de ornamentos e possível de ser cantada por um bando não musical, algo tribal, e que, por isso mesmo, estivesse ligada a um signo da nossa cultura popular como a macumba, essa palavra nacional para significar todas as religiões africanas, não cristãs, e que é um termo que o Oswald de Andrade usou.
“O Oswald estava muito presente na época; nós estávamos descobrindo a sua obra e nos encantando com o poder de premonição que ela tem. A idéia de reunir o antigo e o moderno, o primitivo e o tecnológico, era preconizada em sua filofosia; Batmakumba é de inspiração oswaldiana. E concretista – na ligação das palavras e na construção visual do K como uma marca; no sentido impressivo, não só expressivo, da criação. Não é só uma canção; é uma música multimídia, poema gráfico, feita também para ser vista.”
“Naquele momento, nós vivíamos cercados de elementos de interesses múltiplos, ligados nas novidades sonoras e literárias trazidas pelos poetas concretos e pelos músicos de vanguarda de São Paulo.”
Sobre a adoção, a partir de agora, do k na micro-estrutura do poema, em lugar do c (em decorrência do que também o y passa a substituir o anteriormente grafado i, para melhor expressão tipográfica da alusão ao gênero de música estrangeira em moda na época) – “Eu tenho a impressão de que chegamos a grafar a palavra com k porque vimos que o poema formava um K. O k passava a idéia de consumo, de coisa moderna, internacional, pop. E também de um corpo estranho; não sendo uma letra natural do alfabeto português-brasileiro, causava uma estranheza que era também a estranheza do Batman.”
Sobre “bá”, “obá”, “baobá” como alguns dos sentidos sintetizados nas duas grandes palavras-valises da canção – “Pode ser que para o Caetano essas palavras tenham sido percebidas ou colocadas conscientemente ali, mas eu não descobri a presença delas na época, pelo menos; são extrações posteriores. Para mim não havia, por exemplo, o ‘obá’ entidade, só o ‘oba’ saudação, interjeição. A palavra ‘bat’, morcego, sim.”
O criador se assusta com a própria criação – “Eu não sei o que é de quem ali. Para mim, a coisa foi feita mesmo a quatro mãos, quatro olhos, quatro ouvidos, música e palavras ao mesmo tempo, seguindo o procedimento de ir cortando as sílabas e depois as reconstituindo, uma a uma, até formar as duas asas. Eu até me assusto hoje; quando vejo, me pergunto: ‘Você fez isso mesmo?’ “