Tropicália 2
(1993)1. Haiti (04:19)
Haiti
Gilberto Gil
Caetano Veloso
Quando você for convidado pra subir no adro da Fundação Casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos
E outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se olhos do mundo inteiro possam estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque, um batuque com a pureza de meninos uniformizados
De escola secundária em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula
Não importa nada
Nem o traço do sobrado, nem a lente do Fantástico
Nem o disco de Paul Simon
Ninguém
Ninguém é cidadão
Se você for ver a festa do Pelô
E se você não for
Pense no Haiti
Reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
E na TV se você vir um deputado em pânico
Mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo
Qualquer qualquer
Plano de educação
Que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de democratização do ensino de primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco brilhante de lixo do Leblon
E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo diante da chacina
111 presos indefesos
Mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos
Ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres
E todos sabem como se tratam os pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba
Pense no Haiti
Reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
64758052 BRMCA9300091
© Gege Edições Musicais / © Uns (Warner/Chappell)
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
voz, assovio e canto árabe – Caetano Veloso
baixo, guitarra (Ebow), teclados, programação de bateria e percussão – Liminha
shaker – Carlinhos Brown
cello – Moreno Veloso
programação do batuque – Ramiro Mussoto
Outras gravações:
“Nenhum motivo explica a guerra”, Afroreggae, Warner Muisc 2006
“Do cóccix até o pescoço”, Elsa Soares, Maianga
“Vida paixão”, Garganta Profunda, Albatroz
“Te presenteio com a fúria”, Banda Trampa, Henrique Reis Andrade 2008
“Projeto axé”, Centro Projeto Axé De Defesa Da Criança 2006
“Da novela patria minha”, Caetano e Gil, Som Livre 1994
“Tropicalia 2”, Caetano e Gil, Polygram Music 1993
“Fina estampa ao vivo”, Caetano Veloso, Universal Music 1996
“A música de Gilberto Gil”, Caetano Veloso & Gilberto Gil, Universal Music 2003
“Serie gold II/ Tropicalia”, Caetano Veloso & Gilberto Gil, Universal Music 2002
“Ao vivo”, Caetano Veloso, Polygram Music 1995
“Caetano Veloso (CD duplo) ao vivo”, Caetano Veloso, Universal Music 2001
“Un caballero de Fina Estampa”, Caetano Veloso, Universal Music 2000
“DVD clipes Caetano Veloso”, Caetano Veloso e Gilberto Gil, Universal Music 2012
“20 obras primas”, Caetano Veloso, Polygram Music 1996
“Noites do norte ao vivo”, Caetano Veloso, Universal Music 2001
“Fina Estamapa vivo”, Caetano Veloso, Polygram Music 1995
“Do cóccix até o percoço”, Elsa Soares, Maianga 2002
“Barato total – elas cantam Gilberto Gil”, Elza Soares 2008
“Garganta profunda(vida paixao e banana)”, Albatroz, Gil e Caetano, Warner Music 1994
“Lugar comum”, Gilberto Gil, Universal Music 2008
“Gilberto Gil – 2 lados”, Gilberto Gil , Universal Music 2008
“Série gold”, Gilberto Gil com Caetano Veloso, Universal Music 2002
“Serie sem limite -CD 2”, Gilberto Gil e Caetano Veloso , Universal Music 2001
“20 grandes sucessos de Gilberto”, Caetano Veloso e Gilberto Gil, Polygram Music 1998
“On the road-pop rock nacional”, Caetano Veloso e Gilberto Gil, Polygram Music 1999
“0 canto da cidadania”, Prato Feito 1997
2. Cinema novo (04:14)
Cinema novo
Gilberto Gil
Caetano Veloso
O filme quis dizer: “Eu sou o samba”
A voz do morro rasgou a tela do cinema
E começaram a se configurar
Visões das coisas grandes e pequenas
Que nos formaram e estão a nos formar
Todas e muitas: Deus e o Diabo
Vidas Secas, Os Fuzis
Os Cafajestes, O Padre e a Moça, A Grande Feira,
O Desafio
Outras conversas, outras conversas
Sobre os jeitos do Brasil
Outras conversas sobre os jeitos do Brasil
A bossa-nova passou na prova
Nos salvou na dimensão da eternidade
Porém, aqui embaixo “a vida”
Mera “metade de nada”
Nem morria nem enfrentava o problema
Pedia soluções e explicações
E foi por isso que as imagens do país desse cinema
Entraram nas palavras das canções
Entraram nas palavras das canções
Primeiro, foram aquelas que explicavam
E a música parava pra pensar
Mas era tão bonito que parasse
Que a gente nem queria reclamar
Depois, foram as imagens que assombravam
E outras palavras já queriam se cantar
De ordem, de desordem, de loucura
De alma à meia-noite e de indústria
E a terra entrou em transe, ê
No sertão de Ipanema
Em transe, ê
No mar de Monte Santo
E a luz do nosso canto
E as vozes do poema
Necessitaram transformar-se tanto
Que o samba quis dizer
O samba quis dizer: “Eu sou cinema”
O samba quis dizer: “Eu sou cinema”
Aí o anjo nasceu
Veio o bandido meteorango
Hitler Terceiro Mundo
Sem Essa, Aranha, Fome de Amor
E o filme disse: “Eu quero ser poema”
Ou mais: “Quero ser filme, e filme-filme”
Acossado no limite da garganta do diabo
Voltar à Atlântida e ultrapassar o eclipse
Matar o ovo e ver a Vera Cruz
E o samba agora diz: “Eu sou a luz”
Da lira do delírio, da alforria de Xica
De toda a nudez de Índia
De flor de Macabéia, de Asa Branca
Meu nome é Stelinha, é Inocência
Meu nome é Orson Antônio Vieira Conselheiro de Pixote Super Outro
Quero ser velho, de novo eterno
Quero ser novo de novo
Quero ser Ganga Bruta e clara gema
Eu sou o samba, viva o cinema
Viva o Cinema Novo
64743420 BRMCA9300092
© Gege Edições Musicais / © Uns (Warner/Chappell)
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
voz – Caetano Veloso
bateria – Wilson das Neves
ganzá – Canegal
violão de 7 cordas – Rafael Rabello
baixo – Dininho
cavaquinho – Luciana Rabello
tamborim – Marçal
agogô – Beterlau
pandeiro – Zizinho
cuíca – Zeca da Cuíca
repique – Trambique
surdo – Luna
spala – João Jorge, Giancarlo
violino – Marcelo, Cristine, Bernardo, Michel, Vidal, Daltro
violino – Alves, Perrota e Aizik
viola – Jesuina, Stephany, Hindengurgo e Penteado
cello – Iurá, Zamith, Alceu Reis e Marcio Malard
Outras gravações:
“Uns Caetanos”, O Tao do Trio, CID
“Gil e Caetano em Cy”, Quarteto em Cy, CID
“Tropicalia 2”, Caetano Veloso e Gilberto Gil, Polygram Comércio 1996
“Caetano no cinema”, Gilberto gil e caetano veloso, Universal, 2007
Imusica, O tao trio, 2001
“Caetano em cy”, Quarteto em cy, Cid, 1995
“Gil e caetano em cy”, Quarteto em cy, Cid, 1999
3. Nossa gente (Avisa lá) (02:53)
Nossa gente (Avisa lá)
Roque Carvalho
Avisa lá que eu vou chegar mais tarde, o yê
Vou me juntar ao Olodum que é da alegria
É denominado de vulcão
O estampido ecoou nos quatro cantos do mundo
Em menos de um minuto, em segundos
Nossa gente é quem bem diz é quem mais dança
Os gringos se afinavam na folia
Os deuses igualando todo o encanto toda a transa
Os rataplans dos tambores gratificam
Quem fica não pensa em voltar
Afeição a primeira vista
O beijo-batom que não vai mais soltar
A expressão do rosto identifica
Avisa lá, avisa lá, avisa lá ô ô
Avisa lá que eu vou
Avisa lá, avisa lá, avisa lá ô ô
Avisa lá que eu vou
Avisa lá que eu vou chegar mais tarde, o yê
Vou me juntar ao Olodum que é da alegria
É denominado de vulcão
O estampido ecoou nos quatro cantos do mundo
Em menos de um minuto, em segundos
Nossa gente é quem bem diz é quem mais dança
Os gringos se afinavam na folia
Os deuses igualando todo o encanto toda a transa
Os rataplans dos tambores gratificam
Quem fica não pensa em voltar
Afeição a primeira vista
O beijo-batom que não vai mais soltar
A expressão do rosto identifica
Avisa lá, avisa lá, avisa lá ô ô
Avisa lá que eu vou
Avisa lá, avisa lá, avisa lá ô ô
64758060 BRMCA9300093
© Peermusic do Brasil
Ficha técnica da faixa:
voz – Gilberto Gil
voz – Caetano Veloso
trompete – Marcio Montarroyos
baixo – Arthur Maia
sax-tenor – Raul Mascarenhas
trombone – Serginho Trombone
trompete – Bidinho
sax-alto – Zé Carlos
sax barítono – Leo Gandelman
bateria – Carlinhos Bala
4. Rap popcreto (01:58)
5. Wait until tomorrow (03:25)
Wait until tomorrow
Jimmy Hendrix
Well, I’m standing here freezing, inside your golden garden
Got my ladder leaned up against your wall
Tonight’s the night we planned to run away together
Come on dolly mae
There’s no time to stall
But now you’re telling me that ah…
I think we better wait till tomorrow
I think we better wait till tomorrow
I think we better wait till tomorrow
Got to make sure it’s right
So until tomorrow goodnight
Oh, dolly mae
How can you hang me up this way
Oh the phone you said you wanted to run off with me today
Now I’m standing here like some turned down serenading fool
Hearing strange words stutter from the mixed up mind of you
And you keep telling me that ah…
I think we better wait till tomorrow
I think we better wait till tomorrow
I think we better wait till tomorrow
Got to make sure it’s right
So until tomorrow goodnight
Oh, dolly mae
Girl, you must be insane
So unsure of yourself learning from your unsure window pane
Do I see a silhouette of somebody pointing something from a tree?
Click, bang
Oh, what a hang
Your daddy just shot poor me
And I hear you say
As I fade away
We don’t have to wait till tomorrow
We don’t have to wait till tomorrow
We don’t have to wait till tomorrow
It must not have been right, so forever, goodnight
We don’t have to wait till tomorrow…
64758087 BRMCA9300095
© Warner/Chappell Edições Musicais LTDA.
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
voz e violão – Caetano Veloso
caixa, prato, balde, contratempo e octobans – Carlinhos Brown
voz – Nara Gil
surdo – Alexandre e Bogam
surdo virado – Tripé e Léo Bit Bit
bacurinhas – Popó e Cosminho
castanholas – Everaldo
mataca – Coelho
clave – Nito
6. Tradição (05:54)
Tradição
Gilberto Gil
Conheci uma garota que era do Barbalho
Uma garota do barulho
Namorava um rapaz que era muito inteligente
Um rapaz muito diferente
Inteligente no jeito de pongar no bonde
E diferente pelo tipo
De camisa aberta e certa calça americana
Arranjada de contrabando
E sair do banco e, desbancando, despongar do bonde
Sempre rindo e sempre cantando
Sempre lindo e sempre, sempre, sempre, sempre, sempre
Sempre rindo e sempre cantando
Conheci essa garota que era do Barbalho
Essa garota do barulho
No tempo que Lessa era goleiro do Bahia
Um goleiro, uma garantia
No tempo que a turma ia procurar porrada
Na base da vã valentia
No tempo que preto não entrava no Bahiano
Nem pela porta da cozinha
Conheci essa garota que era do Barbalho
No lotação de Liberdade
Que passava pelo ponto dos Quinze Mistérios
Indo do bairro pra cidade
Pra cidade, quer dizer, pro Largo do Terreiro
Pra onde todo mundo ia
Todo dia, todo dia, todo santo dia
Eu, minha irmã e minha tia
No tempo quem governava era Antonio Balbino
No tempo que eu era menino
Menino que eu era e veja que eu já reparava
Numa garota do Barbalho
Reparava tanto que acabei já reparando
No rapaz que ela namorava
Reparei que o rapaz era muito inteligente
Um rapaz muito diferente
Inteligente no jeito de pongar no bonde
E diferente pelo tipo
De camisa aberta e certa calça americana
Arranjada de contrabando
E sair do banco e, desbancando, despongar do bonde
Sempre rindo e sempre cantando
Sempre lindo e sempre, sempre, sempre, sempre, sempre
Sempre rindo e sempre cantando
64758095 BRMCA9300096
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
voz – Caetano Veloso
pandeiro, tampa de descarga hidraúlica, cáscara, pele pura e surda – Carlinhos Brown
flugelhorn – Marcio Montarroyos
sax-tenor – Raul Mascarenhas
trombone – Serginho Trombone
flugelhorn – Bidinho
sax-alto – Zé Carlos
sax barítono – Leo Gandelman
baixo de 6 cordas – Nico Assunção
Por que o título: justificativas – “Para dar um sentido aristocratizante a um tempo e espaço (Bahia, anos 50) da minha história social; uma qualificação nobilizadora a uma realidade, somente possível a posteriori, a partir de um olhar que se deslocou para um plano superior – ‘Tradição’ é um título afastado, um sobrevôo -, elevando com ele o conceito do cotidiano relatado. (É como Caetano falando de Santo Amaro da Purificação em Trilhos Urbanos; a ambição aristócratica é a mesma. Em Tradição, Lessa, o goleiro do Bahia, é um nobre.).
” ‘Tradição’, também, para dar a idéia de uma mentalidade de época; de um modo tradicional de um agrupamento social da cidade de Salvador que se pereniza ou que se transforma; para sugerir como uma célula cultural se reproduz num macro-organismo social; e ‘tradição’, ainda, no sentido da importância, na minha formação, de tudo o que a letra retrata – no sentido, portanto, do meu compromisso afetivo com aquilo.
“Tradição poderia ter se chamado Garota do Barbalho, ‘tranquilamente’. A definição do título só veio mais tarde, após essa elaboração aqui descrita.”
Tradição e transformação – “No conjunto da obra do Caymmi, encontram-se relatos de uma outra tradição da Bahia, anterior à chegada do petróleo e ainda com o saveiro, as praias, as baianas, o acarajé. Minha música já faz a indicação de várias mudanças de tradição: a transformação do transporte urbano (os ônibus começando a circular), os navios, o contrabando, a cultura americana chegando…”
Personagens reais – “O bairro do Barbalho ficava ao lado do meu, Santo Antonio. Eu e minha irmã éramos levados ao colégio pela minha tia. Todos os sábados, domingos e quartas-feiras eu ia assistir aos jogos de futebol. O rapaz era um playboy, um bon vivant; andava de lambreta, fumava maconha. A garota era do Barbalho, quer dizer, do caralho! (Dois coelhos numa só…). Eu tinha doze, treze anos; ela, uns dezoito – um amor impossivel. Meu objeto do desejo sexual. E ele, meu objeto do desejo cultural.”
Palavras censuradas – A primeira vez em que Tradição foi registrada em disco (por Gil, em Realce, em 1979, cinco anos depois de ter sido composta), onde se ouve hoje (e desde a sua gravação com Caetano, em Tropicália 2, em 1993) “procurar porrada” ouvia-se “só jogar pernada”. A atualização constituiu-se, na verdade, na retomada de uma expressão contida na elaboração original da letra e proibida pela censura na época.
7. As coisas (02:39)
As coisas
Gilberto Gil
Arnaldo Antunes
As coisas têm
Peso, massa, volume
Tamanho, tempo
Forma, cor
Posição
Textura, duração
Densidade
Cheiro
Valor
Consistência
Profundidade, contorno
Temperatura, função
Aparência
Preço, destino, idade
Sentido
As coisas não têm paz
As coisas
64758109 BRMCA9300097
© Gege Edições Musicais / © Rosa Celeste (BMG Music Publishing Brasil LTDA.)
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
vocal – Caetano Veloso
baixo, programação de bateria e arranjo de cellos – Liminha
cello – Moreno Veloso
guitarra – Pedro Sá
Outras gravações:
“Qualquer”, Arnaldo Antunes, Biscoito Fino 2006
“Tropicalia 2”, Caetano e gil, Polygram, 1993
8. Aboio (03:37)
Aboio
Caetano Veloso
Urba imensa
Pensa o que é e será e foi
Pensa no boi
Enigmática máscara boi
Tem piedade
Megacidade
Conta teus meninos
Canta com teus sinos
A felicidade intensa
Que se perde e encontra em ti
Luz dilui-se e adensa-se
Pensa-te
64758117 BRMCA9300098
© Uns (Warner/Chappell)
Ficha técnica da faixa:
voz – Gilberto Gil
voz e violão – Caetano Veloso
pandeiro – Moreno Veloso
teclado – Daniel Jobim
9. Dada (03:00)
Dada
Gilberto Gil
Caetano Veloso
A
DEUS
DEUS
A
A
FRO
DI
TE
DE
TI
TI
VE
VI
DA
DA
DA
A
DEUS
64758125 BRMCA9300099
© Gege Edições Musicais / © Uns (Warner/Chappell)
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
voz e violão – Caetano Veloso
violão – Liminha
baixo – Dadi
percussão – Marcelo Costa
cello – Lui Coimbra
Outras gravações:
“Tropicalia 2”, Caetano e Gil, Polygram 1993
“Dada é uma canção de inspiração de traço numinoso, aparecida meio por milagre. É como se as palavras e o seu encadeamento tivessem me acontecido malgré uma psiquê ou uma inteligência; como se o poema já estivesse num outro plano e descesse para entrar ali, naquela música. Essa a minha sensação.”
Notas-gotas – “A música foi a primeira que Caetano compôs para o disco Tropicália 2. ‘Faça uma letra’, ele me disse. Fomos então fazendo as outras, ele as dele, eu as minhas, e aquela música foi ficando ali, e eu adiando, adiando. O repertório estava já quase todo constituído, quando um dia, em casa, eu comecei a meditar nela, no significado de conta-gotas que pode representar a sua sucessão de notas, de diferentes alturas e sonoridades. Fui então deixando aquelas gotas sonoras caírem no meu pensamento e se espalharem; pouco a pouco, como sem querer, elas foram se tornando palavras e, de repente, pronto, já tinham sentido. Mas uma gota não tinha caído no lugar certo.”
Gil conta que levou a letra para Caetano sem uma palavra para o trecho melódico que, na configuração espacial em que definiu a sua escrita, corresponde à penúltima linha, e que foi o parceiro quem completou a canção, introduzindo ali a palavra “dada”.
“Ele disse: ‘De vida dada’, e deu sentido a tudo; aquilo foi a dádiva do poeta que sabe como trazer nas mãos a poesia por inteiro”.
A introdução de um tema novo: a velhice – Para Gil, a canção tem uma importância especial pelo que significa para ele, assim como para Caetano; justamente por causa desse significado, ele não sabia direito qual seria a reação do amigo diante da letra, quando foi apresentá-la. “Eu fui até meio reticente, temeroso de que ele… Mas ele falou: ‘Está certo; é hora mesmo de falarmos disso: somos nós dois envelhecendo. Está legal. Assinamos isso tranquilamente’.”
10. Cada macaco no seu galho (03:21)
Cada macaco no seu galho
Riachão
Xô xuá
Cada macaco no seu galho
Xô xuá
Eu não me canso de falar
Xô xuá
O meu galho é na Bahia
Xô xuá
O seu é em outro lugar
Xô xuá
Cada macaco no seu galho
Xô xuá
Eu não me canso de falar
Xô xuá
O meu galho é na Bahia
Xô xuá
O seu é em outro lugar
Não se aborreça moço da cabeça grande
Você vem não sei de onde
Fica aqui não vai pra lá
Esse negócio da mãe preta ser leiteira
Já encheu sua mamadeira
Vá mamar noutro lugar
Xô xuá
Cada macaco no seu galho
Xô xuá
Eu não me canso de falar
Xô xuá
O meu galho é na Bahia
Xô xuá
O seu é em outro lugar
Não se aborreça moço da cabeça grande
Você vem não sei de onde
Fica aqui não vai pra lá
Esse negócio da mãe preta ser leiteira
Já encheu sua mamadeira
Vá mamar noutro lugar
Xô xuá
Cada macaco no seu galho
Xô xuá
Eu não me canso de falar
Xô xuá
O meu galho é na Bahia
Xô xuá
O seu é em outro lugar
Xô xuá
Cada macaco no seu galho
Xô xuá
Eu não me canso de falar
Xô xuá
O meu galho é na Bahia
Xô xuá
64758133 BRMCA9300100
© Warner/Chappell Edições Musicais LTDA.
Ficha técnica da faixa:
voz e guitarra – Gilberto Gil
voz – Caetano Veloso
baixo – Liminha
caixa, prato, timbau, timbales, djembê, guisos, sifron de moto, block, cricket e mãos – Carlinhos Brown
programação de bateria – Ramiro Mussoto
surdo baixo – Bogam
timbaus – Coelho, Nito, Tripé e Léo Bit Bit
bacurinhas – Everaldo, Alexandre, Popó e Cosminho
11. Baião atemporal (03:40)
Baião atemporal
Gilberto Gil
No último pau-de-arara de Irará
Um da família Santana viajará
Levará uma semana até chegar
Junto com mais dois ou três outros cabras que estarão lá
No último pau-de-arara de Irará
Se essa viagem comprida fosse um cordel
Seria boa saída acabar no céu
Só que este conto que eu canto é pra lá de zen
Não tem sentido, não serve pra nada e é pra ninguém
Pra ninguém botar defeito e não ter porém
Basta pensar que Irará poderá não ser
Que os paus-de-arara de lá já não têm porquê
Porque os tempos passaram e passarão
Tudo que começa acaba, e outros cabras seguirão
Cruzando o atemporal do tao do baião
64758141 BRMCA9300101
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
arranjo, voz e violão – Gilberto Gil
voz – Caetano Veloso
violão de aço – Celso Fonseca
baixo – Liminha
flauta – Lucas Santana
teclado – William Magalhães
percussão – Firmino
Outras gravações:
“Tropicalia”, Caetano e Gil, Polygram 1993
“Tropicalia 2”, Caetano veloso e Gilberto Gil, Universal Music 1996
“1975 – 1997 Bossa,samba & pop”, Gilberto Gil, Universal Music 1998
“Le troubadour du Brésil”, Gilberto Gil, Warner Music 1997
12. Desde que o samba é samba (05:11)
Desde que o samba é samba
Caetano Veloso
A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite, a chuva que cai lá fora
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora
A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite e a chuva que cai lá fora
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora
O samba ainda vai nascer
O samba ainda não chegou
O samba não vai morrer
Veja o dia ainda não raiou
O samba é pai do prazer
O samba é filho da dor
O grande poder transformador
A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite e a chuva que cai lá fora
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora
O samba ainda vai nascer
O samba ainda não chegou
O samba não vai morrer
Veja o dia ainda não raiou
O samba é pai do prazer
O samba é filho da dor
O grande poder transformador
A tristeza é senhora
Desde que o samba é samba é assim
A lágrima clara sobre a pele escura
A noite e a chuva que cai lá fora
Solidão apavora
Tudo demorando em ser tão ruim
Mas alguma coisa acontece
No quando agora em mim
Cantando eu mando a tristeza embora
Cantando eu mando a tristeza embora
Cantando eu mando a tristeza embora
Cantando eu mando a tristeza embora
64758150 BMCA9300102
© Uns (Warner/Chappell)
Ficha técnica da faixa:
arranjo, voz e violão – Gilberto Gil
arranjo, voz e violão – Caetano Veloso
baixo de 6 cordas – Nico Assunção