Refavela
Gilberto Gil
Iaiá, kiriê, kiriê, iaiá
A refavela
Revela aquela
Que desce o morro e vem transar
O ambiente
Efervescente
De uma cidade a cintilar
A refavela
Revela o salto
Que o preto pobre tenta dar
Quando se arranca
Do seu barraco
Prum bloco do BNH
A refavela, a refavela, ó
Como é tão bela, como é tão bela, ó
A refavela
Revela a escola
De samba paradoxal
Brasileirinho
Pelo sotaque
Mas de língua internacional
A refavela
Revela o passo
Com que caminha a geração
Do black jovem
Do black-Rio
Da nova dança no salão
Iaiá, kiriê, kiriê, iáiá
A refavela
Revela o choque
Entre a favela-inferno e o céu
Baby-blue-rock
Sobre a cabeça
De um povo-chocolate-e-mel
A refavela
Revela o sonho
De minha alma, meu coração
De minha gente
Minha semente
Preta Maria, Zé, João
A refavela, a refavela, ó
Como é tão bela, como é tão bela, ó
A refavela
Alegoria
Elegia, alegria e dor
Rico brinquedo
De samba-enredo
Sobre medo, segredo e amor
A refavela
Batuque puro
De samba duro de marfim
Marfim da costa
De uma Nigéria
Miséria, roupa de cetim
Iaiá, kiriê, kiriê, iáiá
BRWMB0400573
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
cordas e vocais – Sérgio Chiavazzoli
percussão e vocais – Marcos Suzano
teclado e acordeon – Cícero Assis
percussão e vocais – Gustavo di Dalva
“Em 77, eu fui participar do Festac, festival de arte e cultura negra, em Lagos, na Nigéria, onde reencontrei uma paisagem sub-urbana do tipo dos conjuntos habitacionais surgidos no Brasil a partir dos anos 50, quando Carlos Lacerda fez em Salvador a Vila Kennedy, tirando muitas pessoas das favelas e colocando-as em locais que, em tese, deveriam recuperar uma dignidade de habitação, mas que, por várias razões, acabaram se transformando em novas favelas.
“Para abrigar os 50 mil negros do mundo inteiro que para lá acorreram, tinha sido construída uma espécie de vila olímpica com pequenas casas feitas com material barato e um precário abastecimento de água e luz, que reavivou em mim a imagem física do grande conjunto habitacional pobre. Refavela foi estimulada por este reencontro, de cujas visões nasceu também a própria palavra, embora já houvesse o compromisso conceitual com o re para prefixar o título do novo trabalho, de motivação urbana, em contraposição a Refazenda, o anterior, de inspiração rural.
“A esses fatores se somaram outros, locais: a mobilidade, por vezes difícil, outras vezes facilitada, dos negros cariocas na relação morro-asfalto e o movimento da juventude black-Rio, que se instalava propondo novos estilos de participação na questão da negritude no Brasil e no mundo, com mais atividade cultural e absorção de elementos do discurso e da luta negra da América e da África.
“A dificuldade com que a história tem-se defrontado para proporcionar o verdadeiro resgate da cultura e da natureza dos negros, exatamente pela manutenção reiterada da sua condição paupérrima; a coisa da ‘miséria roupa de cetim’, da ‘Belíngia’ (Bélgica/Índia), esse binômio de disparidades – Refavela é sobre isso. A informação forte da música está nas duas primeiras estrofes; perto delas, o resto é ornamento.”
*
“Preta Maria, Zé, João” – “‘Preta Maria’: Preta Maria e Maria, as minhas filhas e da Sandra (Preta é de 74, Maria, de 76; era pequenininha na época). A música ‘antevê’ José, meu filho, que nasceria em 91, e João, meu neto, em 90; ‘Zé, João’: brasileiros.”
Andar com fé
Gilberto Gil
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Que a fé tá na mulher
A fé tá na cobra coral
Ô-ô
Num pedaço de pão
A fé tá na maré
Na lâmina de um punhal
Ô-ô
Na luz, na escuridão
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
A fé tá na manhã
A fé tá no anoitecer
Ô-ô
No calor do verão
A fé tá viva e sã
A fé também tá pra morrer
Ô-ô
Triste na solidão
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Certo ou errado até
A fé vai onde quer que eu vá
Ô-ô
A pé ou de avião
Mesmo a quem não tem fé
A fé costuma acompanhar
Ô-ô
Pelo sim, pelo não
BRWMB0400574
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
cordas e vocais – Sérgio Chiavazzoli
percussão e vocais – Marcos Suzano
teclado e acordeon – Cícero Assis
percussão e vocais – Gustavo di Dalva
Outras gravações:
“Carla visita Gilberto Gil”, Carla Visi, MZA
“Malabaristas do sinal vermelho”, João Bosco, Sony Music
“Songbook Gilberto Gil 3”, Jorge Mautner e Nelson Jacobina, Lumiar 1922
“Mais coisas do Brasil”, Leila Pinheiro, Universal Music 2001
“Marcus Menna”, Marcus Menna, LGK Music 2007
“Ney ao vivo”, Ney Matogrosso, Universal Music
“A música de Gilberto Gil”, TCPA/TOP CAT 2007
“Axé”, Rappin Hood ,Trama 2005
“Um pouquinho de Brasil”, Brasilian Trombone Ensemble, CPC/UMES 2004
“Dois amigos, um século de música”, Caetano Veloso e Gilberto Gil, Gege/ UNS/ Sony Music 2015
“Carla visita Gilberto Gil”, Carla Visi, Mza 2001
“40 anos de sucesso”, Coral Grupo Vozes, D’altomare 2012
“Quilombo musica”, Elsio Alvarez, RGE
“Uma flauta na MPB”, Estevao Teixeira, CID 1998
“Quando o céu clarear”, Fabiana Cozza e Rappin Hood, Lua Produções 2009
Forracatu, Sony Music 1998
“Bandadois”, Gilberto Gil, Gege Produções 2009
“Banda larga ao vivo em São Paulo”, Gilberto Gil, Gege Produções 2008
“Concerto de cordas e máquinas de ritmo”, Gilberto Gil, Gege Produções/Biscoito Fino 2012
“Um banda um”, Gilberto Gil, Warner Music 1990
“Eletracústico”, Gilberto Gil, Warner Music 2004
“Gil + 10”, Gilberto Gil e Preta Gil, Pedra da Gávea 2011
“Duetos”, Gilberto Gil e Happin Hood, Warner Music 2007
“A casa do Zé para crianças”, Grupo a casa do Zé 2008
“Presente de vô”, Grupo Ponto de Partida e Coral Meninos de Araçuaí 2013
Grupo Rastapé, EMI Music 2006
“Sujeito homem II “, Happin Hood, Trama 2005
“Iriê”, Iriê, Orbeat 2006
“Ito Moreno e banda Clube do Forro”, Ito Moreno, Veleiro 2001
“Malabaristas do sinal vermelho”, João Bosco, Sony Music 2003
“Decamerão”, Jorge Mautner e Nelson Jacobina, Som Livre 2009
“Barato total – Elas cantam Gilberto Gil”, Som livre 2008
“Mais coisas do Brasil”, Leila Pinheiro, Universal Music 2001
“Marcus Menna”, Marcus Menna, LGK Music 2007
“Para Gil e Caetano”, Margareth Menezes, Canal Brasil 2014
“Menina do Céu”, Menina do Céu, Radar Records 2013
“Festa no Céu”, Menina do Céu, Sony Music 2015
“Castelo Eletrônico”, Miska 2002
“Ney ao vivo”, Ney Matogrosso, Universal Music 2008
“Clássicos da MPB”, Orquestra Sinfônica UFRN e Camila Masiso, SESC 2012
“Brasil de A a Z”, Rastape, EMI Music 2007
“Rock in Rio 30 anos”, Skank, Musickeria 2015
“MPB em Chorinho”, Toco Preto, CID 1999
A fé e a “faia” – “O uso do ‘faiá’ é assumido com a intenção de legitimar uma forma chula contra a hegemonia do bem-falar das elites. É uma homenagem ao linguajar caipira, ao modo popular mineiro, paulista, baiano – brasileiro,
Chuck Berry fields forever
Gilberto Gil
Trazidos d’África pra Américas de Norte e Sul
Tambor de tinto timbre tanto tonto tom tocou
E neve, garça branca, valsa do Danúbio Azul
Tonta de tanto embalo, num estalo desmaiou
Vertigem verga, a virgem branca tomba sob o sol
Rachado em mil raios pelo machado de Xangô
E assim gerados, a rumba, o mambo, o samba, o rhythm’n’blues
Tornaram-se os ancestrais, os pais do rock and roll
Rock é o nosso tempo, baby
Rock and roll é isso
Chuck Berry fields forever
Os quatro cavaleiros do após-calipso
O após-calipso
Rock and roll
Capítulo um
Versículo vinte
-Sículo vinte
Século vinte e um
Versículo vinte
-Sículo vinte
Século vinte e um
BRWMB0400575
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
cordas e vocais – Sérgio Chiavazzoli
percussão e vocais – Marcos Suzano
teclado e acordeon – Cícero Assis
percussão e vocais – Gustavo di Dalva
A linha e o linho
Gilberto Gil
É a sua vida que eu quero bordar na minha
Como se eu fosse o pano e você fosse a linha
E a agulha do real nas mãos da fantasia
Fosse bordando, ponto a ponto, nosso dia-a-dia
E fosse aparecendo aos poucos nosso amor
Os nossos sentimentos loucos, nosso amor
O ziguezague do tormento, as cores da alegria
A curva generosa da compreensão
Formando a pétala da rosa da paixão
A sua vida, o meu caminho, nosso amor
Você a linha, e eu o linho, nosso amor
Nossa colcha de cama, nossa toalha de mesa
Reproduzidos no bordado a casa, a estrada, a correnteza
O sol, a ave, a árvore, o ninho da beleza
BRWMB0400579
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
cordas e vocais – Sérgio Chiavazzoli
percussão e vocais – Marcos Suzano
teclado e acordeon – Cícero Assis
percussão e vocais – Gustavo di Dalva
Outras gravações:
“Songbook Gilberto Gil 1”, Gal Costa e Marco Pereira, Lumiar Discos 1992
“O amor de uns tempos pra cá”, Andrea Dutra e Marcus Nabuco, Saladesom 2007
“Zé Maurício”, Zé Maurício 2008
“Diogo Poças”, Diogo Poças, Warner Music 2009
“Meu amanhã, Carla Bezerra, Carla Ribeiro Amorim Bezerra 2014
“Tributo MPB”, Gal Costa, Som livre 2013
“Luar”, Gilberto Gil 1998
“Bandadois”, Gilberto Gil, Gege Produções 2009
“Acústico”, Gilberto Gil, Warner Music 2001
“Extra”, Gilberto Gil, Warner Music 1983
“Eletracústico”, Gilberto Gil, Warner Music 2004
“Bandadois”, Gilberto Gil, Warner Music 2009
“Unplugged”, Gilberto Gil, Warner Music 1994
“Gil + 10”, Gilberto Gil & Lenine, Pedra da Gavea 2011
“Ivete, Gil e Caetano”, Universal Music 2011
“Com o som no coração”, Joana D`arc Menegaz 2014
“Nascente musica”, Margareth Reali 1998
“Amor até o fim”, Mauro Senise, Alma brasileira 2016
”Taís Nader”, Taís Nader 2012
“Zé Mauricio”, Zé Maurício, Goinva 2008
“Na vida a dois, a pessoalização do amor; o êxtase pré-samádico; nas gradações religiosas, um estágio no qual, ainda em corpo, tem-se a dimensão divina; um ponto onde humano e sobre-humano superpõem-se.
“Nós estávamos em Paris, no Hotel Meurice, onde Hitler havia feito o seu quartel-general quando da Ocupação, e onde também saiu Extra na mesma ocasião. Flora tinha acabado de adormecer; ainda a acariciei um pouco e já estava entrando num estado de torpor quase sonho, quando me chegaram as primeiras frases. Havia a maciez da pele dela, a do tecido do lençol e os bordados na colcha – todos os elementos; minha sensação era de leveza, paixão e afeto. Aquelas palavras ficaram como que boiando num éter, e eu já tinha me deitado, mas resolvi me levantar e completar a letra toda. No final ainda me lembrei da minha mãe e da minha avó bordando nos panos os motivos que eu cito. Dias depois fiz a música.
“Recentemente, eu recebi de uma família de bordadeiras, mãe e filhas, de Três Marias, interior de Minas, um lenço bordado junto com uma carta de agradecimento pela canção. No lenço, a inscrição ‘A Linha e o Linho’. Para mim foi instigante o fato de, nesses dois substantivos, apenas o o e o a finais os diferenciarem, determinando também a diferença dos sexos. E propiciando que um momento tocante, especial, se transformasse em poesia, como num lance de ilusionismo, prestidigitação.”
Aquele abraço
Gilberto Gil
O Rio de Janeiro continua lindo
O Rio de Janeiro continua sendo
O Rio de Janeiro, fevereiro e março
Alô, alô, Realengo – aquele abraço!
Alô, torcida do Flamengo – aquele abraço!
Chacrinha continua balançando a pança
E buzinando a moça e comandando a massa
E continua dando as ordens no terreiro
Alô, alô, seu Chacrinha – velho guerreiro
Alô, alô, Terezinha, Rio de Janeiro
Alô, alô, seu Chacrinha – velho palhaço
Alô, alô, Terezinha – aquele abraço!
Alô, moça da favela – aquele abraço!
Todo mundo da Portela – aquele abraço!
Todo mês de fevereiro – aquele passo!
Alô, Banda de Ipanema – aquele abraço!
Meu caminho pelo mundo eu mesmo traço
A Bahia já me deu régua e compasso
Quem sabe de mim sou eu – aquele abraço!
Pra você que meu esqueceu – aquele abraço!
Alô, Rio de Janeiro – aquele abraço!
Todo o povo brasileiro – aquele abraço!
BRWMB0400580
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
cordas e vocais – Sérgio Chiavazzoli
percussão e vocais – Marcos Suzano
teclado e acordeon – Cícero Assis
percussão e vocais – Gustavo di Dalva
Outras gravações:
“Arthur Moreira Lima”, Arthur Moreira Lima, SONY
“Show Elis e Miele”, Elis Regina e Miele, Polygram
“Força de expressão”, Ivo Meirelles e Funk’n’lata, FC Record
“Leandro Sapucahy ao vivo”, Leandro Sapucahy, Warner Music
“Ao vivo no Metropolitam”, Legião Urbana, EMI
“Songbook Gilberto Gil vol1”, Tim Maia, Lumiar
“MPB em CY”, Quarteto em Cy, CID
“Igreja Jesus Cristo Dos Santos Do Ultim”, Celebração 2004
“A musica de Gilberto Gil”, TCPA/TOP CAT 2007
“3 na bossa”, Deck Produções Artisticas 2014
“Samba da minha terra”, Alexandre Pires, Emi Music 2013
“Cristo 80 anos – show da paz”, Alexandre Pires, GLP Marketing e Entretenimento 2011
“Na veia”, Arlindo Cruz e Rogê, Polysom 2016
Arthur Moreira Lima, Sony 2000
“SPB”, Augusto Martins, Mills Records 2011
“Amores do Rio Firjan”, Banda e coral da Firjan 2002
“Rod Hanna disco Club”, Banda Rod Hanna, Lua Produçõe Sonoras Especiais 2008
“Barra 69”, Caetano veloso com Gilberto Gil, Universal 1996
“Cantando o Brasil”, Coral de Itaipu, Itaipu Binacional 2014
“Daniela Mercury e cabeça de nós todos”, Oesp Mídia S.A 2013
Flora Caju, Dimi Zumque, Claudia Teixeira/CT Prod. e Eventos 2002
“Retrato cantado – Dimi Zumquê 25 anos”, Dimi Zumque, Edmilson Donizeti Da Silva 2014
“Light my fire”, Eliane Elias 2012
“Show Elis e Miele”, Elis e Miele, Polygram 1998
“Elis Regina revistada”, Elis Regina, Dubas 2005
“Elymar canta Marron”, Elymar Dos Santos 2011
“Equale no Expresso 2222 Cdyou”, Equale, Eletrônica Digital 2001
“Som do barzinho vol. 10”, Evandro Marinho, Universal Music 2001
“Evelyn”, Evelyn, Som livre 2005
“Perfil – Fernanda Abreu”, Fernanda Abreu, Som Livre 2010
“ALM a música ao vivo”, Francis Hime, Biscoito Fino
“Live in London 71 – disco 3 “, Gal Costa e Gilberto Gil, Polysom 2014
“Historia da MPB”, Gilberto Gil, Abril Cultural, Fasciculos 2012
“As letras que o Brasil canta”, Gilberto Gil, Academia Brasileira De Letras 2007
“Música do seculo 5” Gilberto Gil, Caras 1999
“Bar do Mineiro Santa Teresa Rio de Janeiro”, Gilberto Gil, Dubas 2003
“Anos dourados – anos 60 e 70”, Gilberto Gil, Emi 1999
“Projeto especial Readers Digest”, Gilberto Gil, Emi music 1999
“Autografos de sucessos”, Gilberto Gil, Emi Music 1982
“Viagem Nestlé pela literatura”, Gilberto Gil, Fundação Nestlé 2003
“Banda Larga ao vivo em São Paulo”, Gilberto Gil, Gege Produções Artísticas 2008
“T.s. Os Dias Eram Assim”, Gilberto Gil, Som Livre 2017
“Grandes hits MPB1”, Gilberto Gil, Gradiante 2001
“Classicos do Brasil”, Gilberto Gil, L & N 2003
“55 anos de sucessos”, Gilberto Gil, Philps 1978
“Minha historia”, Gilberto Gil, Polygram 1993
Maracatu atômico
Jorge Mautner
Nelson Jacobina
BRWMB0400581
© Warner/Chappell Edições Musicais LTDA.
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
participação especial – Jorge Mautner
cordas e vocais – Sérgio Chiavazzoli
percussão e vocais – Marcos Suzano
teclado e acordeon – Cícero Assis
percussão e vocais – Gustavo di Dalva
Se eu quiser falar com Deus
Gilberto Gil
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar
BRWMB0400582
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
cordas e vocais – Sérgio Chiavazzoli
percussão e vocais – Marcos Suzano
teclado e acordeon – Cícero Assis
percussão e vocais – Gustavo di Dalva
” ‘O Roberto me pediu uma canção; do que eu vou falar? Ele é tão religioso – e se eu quiser falar de Deus? E se eu quiser falar de falar com Deus?’ Com esses pensamentos e inquirições feitas durante uma sesta, dei início a uma exaustiva enumeração: ‘Se eu quiser falar com Deus, tenho que isso, que aquilo, que aquilo outro’. E saí. À noite voltei e organizei as frases em três estrofes.
“O que chegou a mim como tendo sido a reação dele, Roberto Carlos, foi que ele disse que aquela não era a idéia de Deus que ele tem. ‘O Deus desconhecido’. Ali, a configuração não é a de um Deus nítido, com um perfil claro, definido. A canção (mais filosofal, nesse sentido, do que religiosa) não é necessariamente sobre um Deus, mas sobre a realidade última; o vazio de Deus: o vazio-Deus.”
*
Esse nada-Deus – Num dos encontros com Gil para as entrevistas que resultariam nas edições de seus comentários aqui apresentadas, o coordenador deste livro lhe entregou, a pedido do editor, Luis Schwarcz, um exemplar de um livro chamado Uma História de Deus, escrito pela norte-americana Karen Armstrong. Na mesma noite Gil começou a lê-lo, e na tarde seguinte leu para este interlocutor uma longa passagem do mesmo que ele relacionou com o tema de Se Eu Quiser Falar com Deus, que, por coincidência, tinha sido objeto das conversas no dia anterior.
Parte do trecho dizia: “Sem dúvida, (Deus) parece estar desaparecendo da vida de um número crescente de pessoas, sobretudo na Europa Ocidental. Elas falam de um buraco em forma de Deus em suas consciências, onde antes Ele estava: onde antes havia Deus, hoje há um buraco em forma de Deus.” Segundo o compositor, essas observações da autora imediatamente o fizeram pensar em Se Eu Quiser Falar com Deus. “Alguma coisa desse Deus-buraco parece estar contida na letra da canção”, disse, querendo se referir especialmente ao trecho final da letra.
*
O pós possível – “A criação do efeito veio por impulso, instintivamente: a sequência de ‘nadas’ (treze no total) insinuando sucessivas camadas de buraco, criando a expectativa de algo e culminando com uma luz no fim (do túnel, da estrada, da vida), quer dizer, deixando entrever, embutida na morte, a possibilidade de realização de uma existência num plano diferente de tudo que se possa imaginar, mas que de qualquer maneira se imagina existir; a possibilidade de transmutação – com o desaparecimento do corpo físico, da entidade psíquica que chamamos de alma, inconsciente, eu – para outra coisa, outra forma de consciência de todo modo imprevisível, se não for mesmo nada.”
La lune de Gorée
Gilberto Gil
Capinan
La lune qui se lève
Sur l’île de Gorée
C’est la même lune qui
Sur tout le monde se lève
Mais la lune de Gorée
A une couleur profonde
Qui n’existe pas du tout
Dans d’autres parts du monde
C’est la lune des esclaves
La lune de la douleur
Mais la peau qui se trouve
Sur les corps de Gorée
C’est la même peau qui couvre
Tous les hommes du monde
Mais la peau des esclaves
A une douleur profonde
Qui n’existe pas du tout
Chez d’autres hommes du monde
C’est la peau des esclaves
Un drapeau de Liberté
BRWMB0400583
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
cordas e vocais – Sérgio Chiavazzoli
percussão e vocais – Marcos Suzano
teclado e acordeon – Cícero Assis
percussão e vocais – Gustavo di Dalva
Outras gravações:
“Quanta”, Gilberto Gil, Warner Music 1997
“Eletracústico”, Gilberto Gil, Warner Music 2004
Three little birds
Robert Nesta Marley (Bob Marley)
BRWMB0400584
© Bob Marley Music / Universal Music Publishing LTDA.
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
cordas e vocais – Sérgio Chiavazzoli
percussão e vocais – Marcos Suzano
teclado e acordeon – Cícero Assis
percussão e vocais – Gustavo di Dalva
Guerra santa
Gilberto Gil
Ele diz que tem que tem como abrir o portão do céu
Ele promete a salvação
Ele chuta a imagem da santa, fica louco, pinel
Mas não rasga dinheiro, não
Ele diz que faz que faz tudo isso em nome de Deus
Como um papa da Inquisição
Nem se lembra do horror da Noite de São Bartolomeu
Não, não lembra de nada, não
Não lembra de nada, é louco, mas não rasga dinheiro
Promete a mansão no paraíso, contanto que você pague primeiro
Que você primeiro pague o dinheiro, dê sua doação
E entre no céu levado pelo bom ladrão
Ele pensa que faz do amor sua profissão de fé
Só que faz da fé profissão
Aliás, em matéria de vender paz, amor e axé
Ele não está sozinho, não
Eu até compreendo os salvadores profissionais
Sua feira de ilusões
Só que o bom barraqueiro que quer vender seu peixe em paz
Deixa o outro vender limões
Um vende limões, o outro vende o peixe que quer
O nome de Deus pode ser Oxalá, Jeová, Tupã, Jesus, Maomé
Maomé, Jesus, Tupã, Jeová, Oxalá e tantos mais
Sons diferentes, sim, para sonhos iguais
BRWMB0400585
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
cordas e vocais – Sérgio Chiavazzoli
percussão e vocais – Marcos Suzano
teclado e acordeon – Cícero Assis
percussão e vocais – Gustavo di Dalva
Outras gravações:
“Hollywood rock”, Gilberto Gil, Promoter 1995
“Pop remix santos tribuna FM”, Gilberto Gil, Warner Music
“Quanta”, Gilberto Gil, Warner Music 1997
“Projeto especial IBM”, Warner Music 1997
“Pop Brasil remix cidade FM”, Gilberto Gil 1997
“Eletracústico”, Gilberto Gil, Warner Music 2004
“Pop remix”, Gilberto gil, Warner music, 1997
“E-collection disco 1”, Gilberto gil, Warner Music 2000
“1975-1997 bossa,samba & pop”, Gilberto Gil, Warner Music 1998
Soy loco por ti, América
Gilberto Gil
Capinan
Soy loco por ti, América
Yo voy traer una mujer playera
Que su nombre sea Marti
Que su nombre sea Marti
Soy loco por ti de amores
Tenga como colores la espuma blanca de Latinoamérica
Y el cielo como bandera
Y el cielo como bandera
Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores
Sorriso de quase nuvem
Os rios, canções, o medo
O corpo cheio de estrelas
O corpo cheio de estrelas
Como se chama a amante
Desse país sem nome, esse tango, esse rancho,
esse povo, dizei-me, arde
O fogo de conhecê-la
O fogo de conhecê-la
Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores
El nombre del hombre muerto
Ya no se puede decirlo, quién sabe?
Antes que o dia arrebente
Antes que o dia arrebente
El nombre del hombre muerto
Antes que a definitiva noite se espalhe em Latinoamérica
El nombre del hombre es pueblo
El nombre del hombre es pueblo
Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores
Espero a manhã que cante
El nombre del hombre muerto
Não sejam palavras tristes
Soy loco por ti de amores
Um poema ainda existe
Com palmeiras, com trincheiras, canções de guerra,
quem sabe canções do mar
Ai, hasta te comover
Ai, hasta te comover
Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores
Estou aqui de passagem
Sei que adiante um dia vou morrer
De susto, de bala ou vício
De susto, de bala ou vício
Num precipício de luzes
Entre saudades, soluços, eu vou morrer de bruços
nos braços, nos olhos
Nos braços de uma mulher
Nos braços de uma mulher
Mais apaixonado ainda
Dentro dos braços da camponesa, guerrilheira,
manequim, ai de mim
Nos braços de quem me queira
Nos braços de quem me queira
Soy loco por ti, América
Soy loco por ti de amores
BRWMB0400586
© Gege Edições Musicais / © Editora Musical Arlequim LTDA.
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
cordas e vocais – Sérgio Chiavazzoli
percussão e vocais – Marcos Suzano
teclado e acordeon – Cícero Assis
percussão e vocais – Gustavo di Dalva
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