Ficha técnica da faixa:
voz, violão e guitarra – Gilberto Gil
guitarra – Celso Fonseca
percussão – Gustavo di Dalva
baixo – Arthur Maia
percussão – Leonardo Reis
sopros – Raul Mascarenhas
bateria – Jorginho Gomes
teclado – Paulo Calasans
Outras gravações:
“Chegar a Bahia”, Clecia Queiroz, Usina Cultural
“Som Brasil canta Caymmi”, Gilberto Gil, Som livre 2004
“Parabolicamara”, Gilberto Gil, Warner Music 2002
“It ‘s good to be alive – anos 90”, Gilberto Gil, Warner Music 2002
“The very best of Gilberto Gil the soul of Brazil”,Warner Music, Gilberto Gil 2005
“Parabolicamara”, Gilberto gil, Warner Music
“Para Gil e Caetano”, Margareth Menezes, Canal Brazil s/a 2014
“Caixa Nana Caymmi (CD eu sei que vou te amar – cd2)”, Nana Caymmi e Gilberto Gil, Emi Music 2011
“A música, sem a letra – e sem nada pensado para ela -, nasceu em Roma, no hotel, depois de um show da família Marley (mãe, mulher e filhos), do qual eu havia participado. Na volta ao Brasil, eu já sabia que seria para Caymmi. Fui listando, experimentalmente: ‘Dorival é isso’, ‘Dorival é aquilo’ etc. etc. etc.; algumas coisas ficaram, muitas não. Até que me ocorreu: ‘Dorival é ímpar’ – e eu me tranquilizei: ali estava um começo, sem dúvida; pois em seguida veio “Dorival é par’ e, de par em par, todo o texto de contrastes.”
O sagrado no profano – “As semelhanças, por mim engendradas, e dessemelhanças entre as trajetórias do Buda e do Caymmi, o nosso Buda, ocidental, atual, transpreto e transreligioso. Um, abandonando o palácio e a vida principesca para iniciar sua peregrinação acética de abdicações e mortificações, até sentar-se cansado, como conta a lenda, debaixo de uma árvore e, aí, se iluminar. E o outro, obtendo a, segundo o meu ponto de vista, iluminação – a elevação de espírito que ele demonstra ter -, no percurso de uma vida mundana, de um roteiro que passa por lugares comuns.
“Mais exatamente: pela praia de Armação, perto do Jardim de Alá, onde há muitos anos se concentravam as grandes comunidades de pescadores de Salvador; pelo sertão de Olho D’Água, Lagoinha e outras citadas por ele na música Fiz Uma Viagem, onde o personagem vai de uma cidade pra outra do interior; e pelas famosas mesas dos bares de Copacabana, onde Estela, sua mulher, ia buscá-lo, ele tomando seu conhaque.
“A iluminação de um homem comum e a desnecessidade da visão sacralizante de um espaço especialmente ungido para obtê-la. Esses os sentidos de Buda Nagô.”
Last but not least – “Eu tinha me dado por satisfeito com a canção, quando dias depois senti que a parte B merecia uma replicação, e o conceito do ‘Buda nagô’, outra carga explicatória. Então, a partir de mais uma conjunção de imagens contrastantes, a do monge chinês nascido na Roma baiana, eu criei a estrofe em que faço a descrição da renúncia na vida de Caymmi – o que teria levado, nele, à limpeza do terreno interior -, com as referências às cartas de jogo aparecendo para dar a idéia dos tempos do Cassino da Urca, no Rio.”