Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
arranjo – Carlos Monteiro e Souza e Bruno Ferreira
produzido por – João Mello
arranjo – Dory Caymmi
“A arte de Gilberto Gil”, Gilberto Gil, Polygram/Fontana 1985
“Elis Regina”, Polygram 1994
“Elis anos 60 – caixa 1”, Elis Regina, Universal Music 2012
“Elis Regina no fino da bossa vol. 2”, Elis Regina E Quinteto De Luiz Loy, Veleiro 1966
“Personalide”, Gillberto Gil, Novodisc Mídia Digital 2013
“Louvação”, Gilberto Gil, Polygram Music 1967
“Gilberto Gil – 2 Lados”, Gilberto Gil, Universal Music 2010
“A voz de”, Gilberto Gil, Polygram Music 1981
“Autografos de sucesos”, Gilberto Gil, Fontana/Polygram 1982
“Poetas Da MPB / Elis Regina”, Gilberto Gil, Globo Music 1997
“Serie sem limite – cd 1”, Gilberto Gil, Universal Music 2001
“Orquestra De Sopros Da Pro Arte E Flautistas Da Pro Arte”, Ituaçú – Gilberto Gil”, Geringonça Filmes 2012
“Passaporte”, Gilberto Gil, Universal Music 2006
“O Rancho do novo dia”, Os Cariocas, Philips 1981
“25 anos”, Trovadores Urbanos, Dabliu Produções Artisticas E Culturais 2015
“Recebi o impacto da notícia do pouso (suave, segundo as avaliações) do Lunik 9 na lua com orgulho e ponderação: estávamos conquistando o espaço, mas aonde isso ia dar? Não era só o cidadão que especulava, mas também o artista, com o senso da responsabilidade de ser locutor da sociedade junto à história. Eu tinha que falar no assunto por isso – e também pelo sentido de competição. Havia uma disputa olímpica entre nós. ‘Provavelmente alguém vai fazer música sobre isso; deixa eu fazer logo a minha’, pensei.
“Lunik 9 – uma suíte com vários andamentos e atmosferas, entremeada de narração, reflexões e advertências – é uma canção pretensiosa para o grau de informação que eu tinha a respeito, mas bacana também por isso: por vulgarizar, no sentido de divulgar, traduzir, em linguagem simples, um tema em princípio complexo. Nesse aspecto, é também apócrifa, em relação aos cânones da época – embora a bossa nova já tivesse dado a abertura para temas e termos (a Rolleiflex e outras coisas); e iniciática, em relação ao meu trabalho, do qual a questão do mistério do cosmos acabou se tornando uma linha mestra.
“Mas frente ao significado do que a motivou, Lunik 9 apresentava um contraponto conservador, uma atitude ecológico-reativa, um temor exagerado da tecnologia e de que se inaugurava a possibilidade de extinção do próprio luar – da luz interior da lua. À época eu gostei de tê-la feito, mas no período tropicalista eu já achava a música boba, ingênua. Hoje em dia acho relevante aquilo ter-me ocorrido: a inspiração nasceu de uma profunda assunção de um sentido trágico de meu tempo.
“Engraçado. No momento em que escrevi ‘a mim me resta disso tudo uma tristeza só’, era em Orlando Silva que eu pensava. Era a defesa parcial de um mundo – romântico – que eu identificava como o do Orlando Silva, símbolo e canto de um outro tempo ainda, anterior ao meu, à própria bossa nova.”