Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
teclado – Jorjão Barreto
percussão – Marçalzinho
Outras gravações:
“Carol Sabóia”, Carol Sabóia, Jam Music
“Origami”, Josyane Melo, Chita Produções
“Cada tempo em seu lugar”, Cacala Carvalho e João Braga, Mills Records 2012
“O eterno Deus mu dança”, Gilberto Gil, Warner Music 1989
“The eternal god of change”, Gilberto Gil, Warner Music 1989
“Healing select bossa nova”, Gilberto Gil, Warner Music 2007
“Origami”, Josyane Melo, Chita Produções 2007
“Céu e mar”, Leila Pinheiro e Nélson Faria, Biscoito Fino 2013
“Um auto-retrato autocrítico.
O começo versa sobre a atuação política no mundo; a ilusão de que a transformação pode ser feita segundo o seu lema, sua imagem; de que ela não é um processo lento, contraditório, cheio de altos e baixos e de vaivens, ao invés de um escorrer no tempo; e o fato de que muitas vezes ela é imperceptível, misteriosa, e o afã humano de que ela seja algo dominável é uma panacéia, coisa das ideologias. Muito a ver com eu ter ido para a política, tentar dar uma contribuição, como gratificação egoísta de desejo.
“Eu tinha passado pela Secretaria de Cultura, tentado a Prefeitura, vivido dois anos intensamente conflituosos da vida política em Salvador. Estava na Câmara, quando compus a música. Há nela um tom de lamento de The Fool on The Hill: o homem solitário, na montanha, apreciando o mundo louco; louco, também, de vê-lo e ser parte dele.
“Na segunda estrofe, outra auto-crítica: à mania de bondade. E na última, à irracionalidade do ímpeto como algo de eficácia indiscutível; à pretensão de que do impulso decorra tudo que se quer (ali, também, uma referência oculta a Caymmi: ‘Um velho sábio na Bahia’).
” ‘Cada tempo em seu lugar’: pra passar mais uma vez essa idéia de indissociabilidade do tempo-espaço, de que eu gosto muito.”