Madalena (Entra em Beco, Sai em Beco)
Gilberto Gil
Isidoro
Fui passear na roça
Encontrei Madalena
Sentada numa pedra
Comendo farinha seca
Olhando a produção agrícola
E a pecuária
Madalena chorava
Sua mãe consolava
Dizendo assim
Pobre não tem valor
Pobre é sofredor
E quem ajuda é Senhor do Bonfim
Entre em beco saia em beco
Há um recurso Madalena
Entra em beco sai em beco
Há uma santa com seu nome
Entra em beco sai em beco
Vai na próxima capela
E acende uma vela
Prá não passar fome
BRWMB9800351
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
guitarra, violão, voz, coro e acordeon – Gilberto Gil
baixo e programação bateria – Liminha
guitarra – Herbert Vianna
teclado e acordeon – Zé Américo
Outras gravações:
“O Melhor Do Reggae Com Akundum”, Akundum, MZA 2000
“Banda Buffalo” 1997
“Caetano Veloso”, Polygram Music 1991
“Todo Caetano”, Caetano Veloso, Polygram Music 1996
“Barra 69”, Gilberto Gil e Caetano Veloso, Universal Music 1996
“Carla Visita Gilberto Gil (só Chamei Porque Te Amo)”, Gilberto Gil, MZA 2001
“Coral Universidade De Sao Carlos” 1997
“Beleza Tropical 2”, Gilberto Gil, EMI Music 2001
“Gaudi Editora”, Gilberto Gil, Jam Music 1997
“Fé na festa – ao vivo”, Gilberto Gil, Gege Produções Artísticas 2010
“Back in bahia – ao vivo (1972)”, Gilberto Gil, Discobertas 2017
“Parabolicamara”, Gilberto Gil, Warner Music 1994
“Grandes mestres da MPB – vol.2”, Gilberto Gil, Warner Music 1997
“Eu tu eles ao vivo”, Gilberto Gil, Warner Music 2001
“Mestres da MPB”, Gilberto Gil, Warner Music 1992
“São João ao vivo”, Gilberto Gil, Warner Music, Warner Music 2002
“Pra lá de bom”, Luizinho, Di Stéffano Wolff Bazilio 2010
“Orquestra De Sopros Da Pro Arte E Flautistas Da Pro Arte”, Gilberto Gil 2012
“0s 30 anos do quinteto violado”, Quinteto Violado, Matulão 2002
“As 20 preferidas”, Quinteto Violado, RGE 1997
“Oceano”, Sergio Mendes, Polygram Music 1996
“Isto é forró”, Trio Nordestino, Movieplay 2001
Parabolicamará
Gilberto Gil
Antes mundo era pequeno
Porque Terra era grande
Hoje mundo é muito grande
Porque Terra é pequena
Do tamanho da antena parabolicamará
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará
Antes longe era distante
Perto, só quando dava
Quando muito, ali defronte
E o horizonte acabava
Hoje lá trás dos montes, den de casa, camará
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará
De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação
Pela onda luminosa
Leva o tempo de um raio
Tempo que levava Rosa
Pra aprumar o balaio
Quando sentia que o balaio ia escorregar
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará
Esse tempo nunca passa
Não é de ontem nem de hoje
Mora no som da cabaça
Nem tá preso nem foge
No instante que tange o berimbau, meu camará
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo da volta, camará
De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação
De avião, o tempo de uma saudade
Esse tempo não tem rédea
Vem nas asas do vento
O momento da tragédia
Chico, Ferreira e Bento
Só souberam na hora do destino apresentar
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará
BRWMB9701935
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e guitarra – Gilberto Gil
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
guitarra – Liminha
bateria – Jorge Gomes
percussão – Carlinhos Brown
teclado – William Magalhães
percussão – Firmino
“Eu queria fazer uma canção falando dos contrastes entre o rural e o urbano, o artesanal e o industrial, usando um linguajar simples, típico de comunidades rudimentares, e uma cadência de roda de capoeira. Aí, compondo os primeiros versos, quando me ocorreu a palavra ‘antena’ – seguida de ‘parabólica’ – para rimar com ‘pequena’, eu pensei em ‘camará’ [palavra usada comumente nas cantigas de capoeira como vocativo] para completar a linha e a estrofe. Como ‘parabólica camará’ dava um cacófato, eu cortei uma sílaba ‘ca’ e fiz a junção das palavras, criando o vocábulo ‘parabolicamará’. Uma verdadeira invenção concretista; uma concreção perfeita em som, sentido e imagem. Nela, como um símbolo, vinham-me reveladas todas as interações de mundos que eu queria fazer. Aí se tornou irrecusável prosseguir e, mais, fazer daquilo um emblema do conceito, não só da canção, mas de todo o disco (Parabolicamará).”
*
“Em Parabolicamará pus o tempo existencial, psíquico, em contraposição ao tempo cronológico – a eternidade, a encarnação e a saudade à jangada e ao saveiro – e estes dois ao avião -, para insinuar o encurtamento do tempo-espaço provocado pelo aumento da rapidez dos meios de comunicação física e mental do mundo-tempo moderno e das velocidades transformadoras em que vivemos. Pus também o tempo sub-atômico, da partícula, da subfração de tempo; do átomo de tempo – cuja imagem mais representativa é exatamente a correção equilibradora que a Rosa faz com o balaio. E pus por fim o tempo da morte, o tempo-corte, o tempo que corta, ceifa, o tempo-foice, onde alguma coisa é e de repente foi-se, lembrando – na citação dos caymmianos Chico, Ferreira e Bento – a morte do meu filho: a situação, segundo se imagina, de ele meio sonolento no volante do carro sendo subitamente assaltado pelo evento acidental que o levaria à morte.”
Um Sonho
Gilberto Gil
Eu tive um sonho
Que eu estava certo dia
Num congresso mundial
Discutindo economia
Argumentava
Em favor de mais trabalho
Mais emprego, mais esforço
Mais controle, mais-valia
Falei de pólos
Industriais, de energia
Demonstrei de mil maneiras
Como que um país crescia
E me bati
Pela pujança econômica
Baseada na tônica
Da tecnologia
Apresentei
Estatísticas e gráficos
Demonstrando os maléficos
Efeitos da teoria
Principalmente
A do lazer, do descanso
Da ampliação do espaço
Cultural da poesia
Disse por fim
Para todos os presentes
Que um país só vai pra frente
Se trabalhar todo dia
Estava certo
De que tudo o que eu dizia
Representava a verdade
Pra todo mundo que ouvia
Foi quando um velho
Levantou-se da cadeira
E saiu assoviando
Uma triste melodia
Que parecia
Um prelúdio bachiano
Um frevo pernambucano
Um choro do Pixinguinha
E no salão
Todas as bocas sorriram
Todos os olhos me olharam
Todos os homens saíram
Um por um
Um por um
Um por um
Um por um
Fiquei ali
Naquele salão vazio
De repente senti frio
Reparei: estava nu
Me despertei
Assustado e ainda tonto
Me levantei e fui de pronto
Pra calçada ver o céu azul
Os estudantes
E operários que passavam
Davam risada e gritavam:
“Viva o índio do Xingu!
“Viva o índio do Xingu!
Viva o índio do Xingu!
Viva o índio do Xingu!
Viva o índio do Xingu!”
BRWMB9901194
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
baixo – Liminha
acordeom – Zé Américo
teclado – William Magalhães
Buda Nagô
Gilberto Gil
Dorival é ímpar
Dorival é par
Dorival é terra
Dorival é mar
Dorival tá no pé
Dorival tá na mão
Dorival tá no céu
Dorival tá no chão
Dorival é belo
Dorival é bom
Dorival é tudo
Que estiver no tom
Dorival vai cantar
Dorival em CD
Dorival vai sambar
Dorival na TV
Dorival é um Buda nagô
Filho da casa real da inspiração
Como príncipe, principiou
A nova idade de ouro da canção
Mas um dia Xangô
Deu-lhe a iluminação
Lá na beira do mar (foi?)
Na praia de Armação (foi não)
Lá no Jardim de Alá (foi?)
Lá no alto sertão (foi não)
Lá na mesa de um bar (foi?)
Dentro do coração
Dorival é Eva
Dorival Adão
Dorival é lima
Dorival limão
Dorival é a mãe
Dorival é o pai
Dorival é o peão
Balança, mas não cai
Dorival é um monge chinês
Nascido na Roma negra, Salvador
Se é que ele fez fortuna, ele a fez
Apostando tudo na carta do amor
Ases, damas e reis
Ele teve e passou (iaiá)
Teve o mundo aos seus pés (ioiô)
Ele viu, nem ligou (iaiá)
Seguidores fiéis (ioiô)
E ele se adiantou (iaiá)
Só levou seus pincéis (ioiô)
A viola e uma flor
Dorival é índio
Desse que anda nu
Que bebe garapa
Que come beiju
Dorival no Japão
Dorival samurai
Dorival é a nação
Balança, mas não cai
BRWMB9901195
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
participação especial – Nana Caymmi
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
percussão – Carlinhos Brown
percussão – Djalma Correa
teclado – William Magalhães
Outras gravações:
“Chegar a Bahia”, Clecia Queiroz, Usina Cultural
“Som Brasil canta Caymmi”, Gilberto Gil, Som livre 2004
“Parabolicamara”, Gilberto Gil, Warner Music 2002
“It ‘s good to be alive – anos 90”, Gilberto Gil, Warner Music 2002
“The very best of Gilberto Gil the soul of Brazil”,Warner Music, Gilberto Gil 2005
“Parabolicamara”, Gilberto gil, Warner Music
“Para Gil e Caetano”, Margareth Menezes, Canal Brazil s/a 2014
“Caixa Nana Caymmi (CD eu sei que vou te amar – cd2)”, Nana Caymmi e Gilberto Gil, Emi Music 2011
“A música, sem a letra – e sem nada pensado para ela -, nasceu em Roma, no hotel, depois de um show da família Marley (mãe, mulher e filhos), do qual eu havia participado. Na volta ao Brasil, eu já sabia que seria para Caymmi. Fui listando, experimentalmente: ‘Dorival é isso’, ‘Dorival é aquilo’ etc. etc. etc.; algumas coisas ficaram, muitas não. Até que me ocorreu: ‘Dorival é ímpar’ – e eu me tranquilizei: ali estava um começo, sem dúvida; pois em seguida veio “Dorival é par’ e, de par em par, todo o texto de contrastes.”
O sagrado no profano – “As semelhanças, por mim engendradas, e dessemelhanças entre as trajetórias do Buda e do Caymmi, o nosso Buda, ocidental, atual, transpreto e transreligioso. Um, abandonando o palácio e a vida principesca para iniciar sua peregrinação acética de abdicações e mortificações, até sentar-se cansado, como conta a lenda, debaixo de uma árvore e, aí, se iluminar. E o outro, obtendo a, segundo o meu ponto de vista, iluminação – a elevação de espírito que ele demonstra ter -, no percurso de uma vida mundana, de um roteiro que passa por lugares comuns.
“Mais exatamente: pela praia de Armação, perto do Jardim de Alá, onde há muitos anos se concentravam as grandes comunidades de pescadores de Salvador; pelo sertão de Olho D’Água, Lagoinha e outras citadas por ele na música Fiz Uma Viagem, onde o personagem vai de uma cidade pra outra do interior; e pelas famosas mesas dos bares de Copacabana, onde Estela, sua mulher, ia buscá-lo, ele tomando seu conhaque.
“A iluminação de um homem comum e a desnecessidade da visão sacralizante de um espaço especialmente ungido para obtê-la. Esses os sentidos de Buda Nagô.”
Last but not least – “Eu tinha me dado por satisfeito com a canção, quando dias depois senti que a parte B merecia uma replicação, e o conceito do ‘Buda nagô’, outra carga explicatória. Então, a partir de mais uma conjunção de imagens contrastantes, a do monge chinês nascido na Roma baiana, eu criei a estrofe em que faço a descrição da renúncia na vida de Caymmi – o que teria levado, nele, à limpeza do terreno interior -, com as referências às cartas de jogo aparecendo para dar a idéia dos tempos do Cassino da Urca, no Rio.”
Enumeração pedagógica – ” ‘Dorival é o quê?’ ‘Dorival é isso.’ ‘Dorival é o quê?’ ‘Dorival é aquilo.’ ‘E o que mais?’ ‘Aquilo outro.’ Como se numa sala de aula se fizesse com as crianças um jogo de elucidação com o objetivo de se imiscuir nelas, de modo simples, o conhecimento de algo. Buda Nagô seria a resposta em série à proposta de revelar Caymmi num jogo desse. Seu pedagogismo infantil é para trazer a dimensão da inocência – que, enfim, se confunde com a iluminação.”
Serafim
Gilberto Gil
Quando o agogô soar
O som do ferro sobre o ferro
Será como o berro do bezerro
Sangrado em agrado ao grande Ogum
Quando a mão tocar no tambor
Será pele sobre pele
Vida e morte para que se zele
Pelo orixá e pelo egum
Kabieci lê – vai cantando o ijexá pro pai Xangô
Eparrei, ora iêiê – pra Iansã e mãe Oxum
“Oba bi Olorum koozi”: como deus, não há nenhum
Será sempre axé
Será paz, será guerra, serafim
Através das travessuras de Exu
Apesar da travessia ruim
Há de ser assim
Há de ser sempre pedra sobre pedra
Há de ser tijolo sobre tijolo
E o consolo é saber que não tem fim
Kabieci lê – vai cantando o ijexá pro pai Xangô
Eparrei, ora iêiê – pra Iansã e mãe Oxum
“Oba bi Olorum koozi”: como deus, não há nenhum
BRWMB9901196
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
percussão – Djalma Correa
teclado – William Magalhães
bateria – Téo Lima
violão – Marco Pereira
Religiosamente incorreta – “Quando Serafim foi lançada, eu cantava ‘carneiro’ onde hoje está ‘bezerro’ – um erro religioso: o carneiro é um animal rejeitado por Ogum e não podia ser referido em sua homenagem. A correção veio depois (no show Tropicália 2 eu fiz a substituição), por advertência do Caetano e da Flora, que havia se iniciado no candomblé. Eu tinha usado ‘carneiro’ porque é um animal comumente sacrificado no candomblé.
“Em Lavagem do Bonfim [canção composta para Gal Costa em 1993] também há algo que pode ser visto como uma incorreção, mas que é proposital. Ao citar o caruru – que não é uma comida para Oxalá – eu não estou me referindo ao caruru como uma comida específica de oferenda a um santo, mas ao caruru como a somatória das comidas de santo, que na Bahia chamam caruru. ‘Vou ao caruru da dona Fulana’, quer dizer, ‘lá vai ter abará, acarajé, vatapá, arroz, feijão, inhame etc.’ ‘Caruru’ ali está portanto no sentido transreligioso, profano, de ‘ceia’, ‘refeição’, comida de todos os santos.”
Iorubá – ” ‘Kabieci lê’: saudação para Xangô; ‘eparrei’: para Iansã; ‘ora iê, iê’: para Oxum. ‘Oba bi olorum koozi’: a expressão eu vi inscrita num pára-choque de caminhão em Lagos, acompanhada da tradução em inglês: ‘No king as God’. ‘Um dia ainda vou usar isso numa música’, pensei. Guardei na memória e usei, acompanhada da tradução (livre) em português.”
Da utopia da poesia de as palavras serem as coisas, e da relação de correspondência entre som e sentido, fundo e forma – “O som do ferro sobre o ferro será como o berro do bezerro”: as aliterações em erres e bês parecem exprimir aquilo a que a frase alude, estabelecendo biunivocamente a conformidade fônico-semântica: como se os versos não apenas falassem de um ruído: fossem o ruído. “Os recursos sonoros empregados na construção dessa letra são mesmo muito fortes, de profunda inspiração”, reconhece Gil. “Tinha que ser assim, porque a música é sobre a potência – do axé, dos orixás”.
Um deles, Exu – aliás, referido em outro bloco de carregada sonoridade, uma sucessão tríplice de “trs” e vês e esses -, é destacado pelo compositor: “Tenho por ele uma particular admiração. No sincretismo, Exu é assimilado ao demônio, visto como uma entidade do mal, mas não é nada disso. Embora traquino, travesso, ninguém, nenhum orixá trabalha nem vive sem ele. Exu é o eixo, o mensageiro; o que dá energia a tudo – como a luz solar para a Terra.” A mesma referência reverenciadora à entidade é, aliás, repetida por Gil em outra canção, Dança de Shiva.
Quero Ser Teu Funk
Gilberto Gil
Liminha
Dé
Quero ser teu funk
Já sou teu fã número um
Agora quero ser teu funk
Já sou teu fã número um
Quero ser teu funk
Já sou teu fã número um
Agora quero ser teu funk
Já – já que sou teu fã número um
Funk do teu samba
Funk do teu choro
Funk do teu primeiro amor
Rio de Janeiro
Bela Guanabara
Quem te viu primeiro, pirou
Chefe Araribóia, que andava
De Araruama a Itaipava
Não cansava de te adorar
Depois te fizeram cidade
Te fizeram tanta maldade
E um Cristo pra te guardar
Quero ser teu funk
Já sou teu fã número um
Agora quero ser teu funk
Já sou teu fã número um
Quero ser teu funk
Já sou teu fã número um
Agora quero ser teu funk
Já – já que sou teu fã número um
Funk do teu morro
Funk do socorro
Que o pivete espera de alguém
Rio de Janeiro
Sou teu companheiro
Mesmo que não fique ninguém
Mesmo que São Paulo te xingue
Porque te cobiça o suingue
O mar, a preguiça, o calor
Lembra da Bahia, que um dia
Já mandou Ciata, a tia
Te ensinar kizomba nagô
Quero ser teu funk
Já sou teu fã número um
Agora quero ser teu funk
Já sou teu fã número um
Quero ser teu funk
Já sou teu fã número um
Agora quero ser teu funk
Já – já que sou teu fã número um
Funk da madruga
Funk qualquer hora
Funk do teu eterno fã
Funk do portuga
Que te amava outrora – e agora
Funk da turista alemã
Rio de Janeiro, Rocinha
Sempre a te zelar, Pixinguinha
Jamelão, Vadico e Noel
Funk são teus arcos da Lapa
Funk é tua foto na capa
Da revista Amiga do céu
BRWMB9901197
© Gege Edições Musicais / © Super Produções Artísticas LTDA. (adm. por Warner/Chappell Edições Musicais LTDA.) / © Warner/Chappell Edições Musicais LTDA.
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
bateira e programação – Rubens Sabino (Rubão)
guitarra – Liminha
baixo – Dé
teclado – William Magalhães
sax – Marcelinho Costa
coro – Mariza Fossa
coro – Viviane Silva
coro – Ronaldo Correa
coro – Ronaldo Barcellos
“Há anos atrás alguém pichou isso num muro em Salvador: ‘Gil, quero ser teu funk’. Tempos depois, o Dé, baixista, comentando comigo sobre a frase – ‘é maravilhosa’ -, disse que eu devia fazer uma música com ela. ‘Está bem, eu vou fazer’. Mas eu não queria fazer uma canção auto-atribuída e por isso pensei no Rio: numa canção de amor e solidariedade à cidade e aos bailes funks, à nova geração voltada para o funkismo nos subúrbios cariocas, espécie de reciclagem da juventude black-Rio.”
Neve na Bahia
Gilberto Gil
Xuxa
Bruxa
Ducha de água fria
No fogo do meu plexo solar
Loura
Moura
Neve na Bahia
Um furacão sem fúria no meu mar
Agri-
Doce
Tal um sal de fruta
Vós me agradais quanto vós me agredis
Onça
Garça
Inocente e astuta
Clareza absoluta e mil ardis
Gueixa disfarçada de boneca
Sudanesa travestida de alemã
Por que sois o mistério à luz do dia?
Por que sois sempre a noite de manhã?
Ainda bem que sois fruta no meu sonho
A eterna obviedade da maçã
Que escolho e colho e mordo na bochecha, Xuxa
E tendes travo e gosto de avelã
Vick
Vapor
Lenta anestesia
Pimenta na garrafa de isopor
Xuxa
Bruxa
Ouro de alquimia
Sois flecha de um cupido pós-amor
Gueixa disfarçada de boneca
Sudanesa travestida de alemã
Por que sois o mistério à luz do dia?
Por que sois sempre a noite de manhã?
Ainda bem que sois fruta no meu sonho
A eterna obviedade da maçã
Que escolho e colho e mordo na bochecha, Xuxa
E tendes travo e gosto de avelã
BRWMB9901198
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
baixo – Liminha
bateria – Carlinhos Brown
teclado – William Magalhães
percussão – Firmino
Outras gravações:
“Parabolicamará”, Gilberto Gil, Warner Music 1991
Ya Olokum
Mônica Millet
Fred Vieira
Ribeira, eu peço licença
Pra as águas do mar, olokum
Yê olokum, yá olokum
São pontos de areia
Os destinos brilhando num só
Olokum
Yê olokum, yá olokum
As águas salgadas
Os homens sujaram o mar, olokum
Yê olokum, yá olokum
Vamos salvar o dique do tororó
Bahia de todos os santos
Sol e areia, êa, êa, êa
Perpetuar
Aqueles que nos dão
A maré vazia e também a maré cheia
BRWMB9901199
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
baixo – Liminha
percussão – Carlinhos Brown
teclado – William Magalhães
bateria – Téo Lima
O Fim da História
Gilberto Gil
Não creio que o tempo
Venha comprovar
Nem negar que a História
Possa se acabar
Basta ver que um povo
Derruba um czar
Derruba de novo
Quem pôs no lugar
É como se o livro dos tempos pudesse
Ser lido trás pra frente, frente pra trás
Vem a História, escreve um capítulo
Cujo título pode ser “Nunca Mais”
Vem o tempo e elege outra história, que escreve
Outra parte, que se chama “Nunca É Demais”
“Nunca Mais”, “Nunca É Demais”, “Nunca Mais”
“Nunca É Demais”, e assim por diante, tanto faz
Indiferente se o livro é lido
De trás pra frente ou lido de frente pra trás
Quantos muros ergam
Como o de Berlim
Por mais que perdurem
Sempre terão fim
E assim por diante
Nunca vai parar
Seja neste mundo
Ou em qualquer lugar
Por isso é que um cangaceiro
Será sempre anjo e capeta, bandido e herói
Deu-se notícia do fim do cangaço
E a notícia foi o estardalhaço que foi
Passaram-se os anos, eis que um plebiscito
Ressuscita o mito que não se destrói
Oi, Lampião sim, Lampião não, Lampião talvez
Lampião faz bem, Lampião dói
Sempre o pirão de farinha da História
E a farinha e o moinho do tempo que mói
Tantos cangaceiros
Como Lampião
Por mais que se matem
Sempre voltarão
E assim por diante
Nunca vai parar
Inferno de Dante
Céu de Jeová
BRWMB9901200
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
teclado – William Magalhães
percussão – Firmino
Outras gravações:
“Parabolicamará”, Gilberto Gil, Warner Music 1991
“A canção foi composta para responder à colocação do scholar nipo-americano Francis Fukuyama, que num artigo publicado um pouco antes defendeu a tese neo-liberalista de que, com o final do comunismo – que, segundo ele, teria desaparecido -, a história teria também acabado. O artigo se chamou justamente ‘O fim da História’, e foi escrito para provar o término da marcha das utopias. Para lançar minha contestação frontal a isso, eu fiz a advocacia do ‘eterno retorno’, tratando exatamente da questão de que tratava Fukuyama (a derrocada do socialismo enquanto configuração dos conjuntos nacionais do leste europeu), e trazendo à discussão o mito de Lampião (havia então a notícia de que, numa cidadezinha do Nordeste, tinham tentado tirar a sua estátua, o que gerou polêmica, sugerindo-se um plebiscito em que o povo acabou preferindo mantê-la).”
Baião / De Onde Vem o Baião
Gilberto Gil
Debaixo do barro do chão da pista onde se dança
Suspira uma sustança sustentada por um sopro divino
Que sobe pelos pés da gente e de repente se lança
Pela sanfona afora até o coração do menino
Debaixo do barro do chão da pista onde se dança
É como se Deus irradiasse uma forte energia
Que sobe pelo chão
E se transforma em ondas de baião, xaxado e xote
Que balança a trança do cabelo da menina, e quanta alegria!
De onde é que vem o baião?
Vem debaixo do barro do chão
De onde é que vêm o xote e o xaxado?
Vêm debaixo do barro do chão
De onde vêm a esperança, a sustança espalhando o verde dos teus olhos pela plantação?
Ô-ô
Vêm debaixo do barro do chão
BRWMB9800350
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
baixo – Liminha
coro – Nara Gil
coro – Preta Gil
coro – Maria Gil
teclado – William Magalhães
percussão – Firmino
Outras gravações:
“Antonio Adolfo ao vivo”, Antonio Adolfo e Carol Saboya, Kuarup
“A voz do bandolim”, Armandinho, Vison
“Carol Saboya”, Carol Saboya, Jam Music
“Songbook Gilberto Gil”, Elba Ramalho e Dominguinhos, Lumiar
“Forro nº1”, Genaro & Walkyria, Atração
“Brasil brasileiro”, Luiz Lima
“Dance forró mais eu”, Targino Gondim, FC Recordes
“Partimpim tlês”, Adriana Partimpim, Polysom Comércio 2012
“Jam music”, Carol Saboia 2000
“José Hilton Alves”, Clã Brasil 2000
“Agua viva”, Gal Costa, Polygram Music
“Suingue nordestino – vol. 2”, Gal Costa, Universal Music 2000
“A música de Gilberto Gil”, Gal Costa, Universal Music 2003
“Caetano Veloso e Gal Costa – domingo – jewel case”, Gal Costa, Universal Music 2010
“Forro n1”, Genaro & Walkyria, Atração 2004
“Fé na festa – ao vivo”, Gilberto Gil, Gege Produções Artísticas 2004
“Grandes mestres da MOB- vol. 2 Warner”, Gilberto Gil, Warner Music 1997
“Parabolicamara”, Gilberto Gil, Warner Music 1991
“São joão ao vivo”, Gilberto Gil, Warner Music 2006
“São joão ao vivo – dose dupla – cd 2”, Gilberto Gil, Warner Music 2011
“Gil canta Luiz Gonzaga”, Gilberto Gil, Warner Music 2012
“Dose dupla”, Gilberto Gil, Warner Music 2009
“Brasil branconegro”, Grupo tom da terra, CPC Umes 2002
Grupo tom da terra, Paulinas-comep 2000
“De onde vem o baião”, Ito Moreno, Velas 1999
“Clube do forró”, Ito Moreno, Veleiro 2001
“Brasil brasileiro”, Luiz Lima 1997
“Ituaçú – Gilberto Gil”, Orquestra De Sopros Da Pro Arte E Flautistas Da Pro Arte 2012
“2 sanfonas e 1 orquestra”, Orquestra De Sopros Pro-Arte, Kiko Horta e Marcelo Caldi, Tratore De CD ‘S 2016
“Xaxados e perdidos”, Simone Rasslan, Simone Nogueira Rasslan
Falso Toureiro
José Gomes
Heleno Clemente
Fui ver uma tourada
Lá na Escada de um toureiro de valor
Veja o senhor, mas quando na hora marcada
Que trapalhada, o toureiro não chegou.
Me apresentaram como seu substituto
Fiquei maluco vendo aquela
Ouvi as moças me aplaudir lá da bancada
Senti uma pontada bem dentro do coração.
Caí na arena e recebi tanta chifrada
Quase que morro nas suas ponta afiada
Bati a mão na faca e gritei para o poleiro:
Eu mato o cara que disse que eu sou toureiro!
BRWMB9901201
© Editora Irmãos Vitale
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
baixo – Liminha
bateria – Carlinhos Brown
teclado – Zé Américo
percussão – Firmino
trombone – Serginho Trombone
Sina
Djavan
Pai e mãe, ouro de mina coração
Desejo e sina
Tudo mais pura rotina
Jazz…
Tocarei seu nome pra poder falar de amor
Minha princesa
Art nuveau da natureza
Tudo mais pura beleza
Jazz…
A luz de um grande prazer é irremediável néon
Quando o grito do prazer açoitar o ar
Reveillon
O luar estrela do mar
O sol e o dom
Quiçá um dia a fúria
Desse front
Virá lapidar o sonho
Até gerar o som
Como querer caetanear
O que há de bom
BRWMB9901202
© Luanda Edições Musicais LTDA.
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
baixo – Liminha
teclado – William Magalhães
violão – Marco Pereira
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