Quilombo, O Eldorado Negro
Gilberto Gil
Waly Salomão
Existiu
Um eldorado negro no Brasil
Existiu
Como o clarão que o sol da liberdade produziu
Refletiu
A luz da divindade, o fogo santo de Olorum
Reviveu
A utopia um por todos e todos por um
Quilombo
Que todos fizeram com todos os santos zelando
Quilombo
Que todos regaram com todas as águas do pranto
Quilombo
Que todos tiveram de tombar amando e lutando
Quilombo
Que todos nós ainda hoje desejamos tanto
Existiu
Um eldorado negro no Brasil
Existiu
Viveu, lutou, tombou, morreu, de novo ressurgiu
Ressurgiu
Pavão de tantas cores, carnaval do sonho meu
Renasceu
Quilombo, agora, sim, você e eu
Quilombo
Quilombo
Quilombo
Quilombo
BRWMB0101444
© Gege Edições Musicais / © EMI Songs do Brasil Edições Musicais LTDA.
Ficha técnica da faixa:
voz, violão e guitarra – Gilberto Gil
sopros – Beto Saroldi
guitarra – Celso Fonseca
teclado e vocais – Gerson Santos
teclado e vocais – Jorjão Barreto
percussão – Repolho
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
bateria – Wilson Meirelles
vocal – Nara Gil e Neila Carneiro
[ para o filme Quilombo, de Carlos Diegues ]
Ganga Zumba (O Poder Da Bugiganga)
Gilberto Gil
Waly Salomão
Toca atabaque, reboa zabumba
Repica, repica, repica agogô
Tumba Lelê, beber aluá
Se lambuzar na tigela daquele amalá
Toda Palmares recorda da primeira vez
Ganga Zumba dançou alujá
Toda cantiga trovoa, seu eco ecoa
Na voz da Serra da Barriga
Vem, Acotirene, dona do segredo
Ialorixá que chama Ganga Zumba
Lhe oferece o trono da fartura
Toda a formosura e o poder da bugiganga
Fontes e mais fontes
Potes e mais potes
O céu na terra é Aruanda
É assim Palmares
Palmas pelos ares
Cante e dance e abra a roda
Acaiúba, Namba, Canindé
Ana de Ferro, mulher-dama linda da Holanda
Ganga Zumba reina, nunca teve medo
Seu segredo está no raio da justiça
Nunca é permitido mentir
Sempre abençoado o amor
Desejo doido, beber otim
Festejo d’Oxum, d’Obá, d’Oiá
Todo vaso quebra
Toda bugiganga se espedaça
Toda graça lhe abandona
Ganga Zumba desce da montanha
Com veneno na entranha
Acaba a sua zanga
Ganga Zumba morre
E a lenda corre
Pelo reino de Aruanda
Nunca é permitido esquecer
Sempre dá no jogo de Ifá
Qual o rei que vai suceder
Salve o reino d’Aruanda
BRWMB0101445
© Gege Edições Musicais / © EMI Songs do Brasil Edições Musicais LTDA.
Ficha técnica da faixa:
voz, violão e guitarra – Gilberto Gil
sopros – Beto Saroldi
guitarra – Celso Fonseca
teclado e vocais – Gerson Santos
teclado e vocais – Jorjão Barreto
percussão – Repolho
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
bateria – Wilson das Neves
vocal – Nara Gil e Neila Carneiro
Outras gravações:
“Quilombo”, Gilberto Gil, Warner music, 2002
“Trilha sonora do filme quilombo”, Gilberto Gil, Warner Music 1984
[ para o filme Quilombo, de Carlos Diegues ]
Chegada Em Palmares
Gilberto Gil
[ instrumental ]
BRWMB0101446
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
violão – Gilberto Gil
Outras gravações:
“Quilombo”, Gilberto Gil, Warner Music 2002
“The very best of Gilberto Gil the soul of Brazil”, Gilberto Gil, Warner Music 2005
“Trilha sonora do filme Quilombo O Eldorado Negro”, Gilberto Gil, Warner Music 1984
Despedida de Giangia
Gilberto Gil
Todo vaso quebra
Toda bugiganga se espedaça
Toda graça lhe abandona
Tanga Azuma desce da montanha
Com veneno na entranha
Acaba sua zanga pois é pois é
Todo vaso quebra
Toda bugiganga se espedaça
Toda graça lhe abandona
Tanga Azuma desce da montanha
Com veneno na entranha
Acaba sua zanga pois é pois é
Pois é
Pois é
BRWMB0101447
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
Alujá Do Rei Xangô
Gilberto Gil
[ instrumental ]
BRWMB0101448
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz, violão e guitarra – Gilberto Gil
sopros – Beto Saroldi
guitarra – Celso Fonseca
teclado e vocais – Gerson Santos
teclado e vocais – Jorjão Barreto
percussão – Repolho
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
bateria – Wilson das Neves
vocal – Nara Gil e Neila Carneiro
Outras gravações:
“Quilombo”, Gilberto Gil, Warner Music 2002
“Trilha sonora do fime Quilombo”, Gilberto Gil, Warner Music 1984
Zumbi (A Felicidade Guerreira)
Gilberto Gil
Waly Salomão
Zumbi, comandante guerreiro
Ogunhê, ferreiro-mor capitão
Da capitania da minha cabeça
Mandai a alforria pro meu coração
Minha espada espalha o sol da guerra
Rompe mato, varre céus e terra
A felicidade do negro é uma felicidade guerreira
Do maracatu, do maculelê e do moleque bamba
Minha espada espalha o sol da guerra
Meu quilombo incandescendo a serra
Tal e qual o leque, o sapateado do mestre-escola de samba
Tombo-de-ladeira, rabo-de-arraia, fogo-de-liamba
Em cada estalo, em todo estopim, no pó do motim
Em cada intervalo da guerra sem fim
Eu canto, eu canto, eu canto, eu canto, eu canto, eu canto assim:
A felicidade do negro é uma felicidade guerreira!
A felicidade do negro é uma felicidade guerreira!
A felicidade do negro é uma felicidade guerreira!
Brasil, meu Brasil brasileiro
Meu grande terreiro, meu berço e nação
Zumbi protetor, guardião padroeiro
Mandai a alforria pro meu coração
BRWMB0101449
© Gege Edições Musicais / © EMI Songs do Brasil Edições Musicais LTDA.
Ficha técnica da faixa:
voz, violão e guitarra – Gilberto Gil
sopros – Beto Saroldi
guitarra – Celso Fonseca
teclado e vocais – Gerson Santos
teclado e vocais – Jorjão Barreto
percussão – Repolho
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
bateria – Wilson das Neves
vocal – Nara Gil e Neila Carneiro
[ para o filme Quilombo, de Carlos Diegues ]
Dandara, A Flor Do Gravatá
Gilberto Gil
Waly Salomão
É dando espinho, é dando amor, é dando
Dandara, Dandara, Dandara
Dando carinho, dor e flor, é dando
Dandara, Dandara, Dandara
É flor que brota em grota
Em greta, em grota, em gruta
Ingrata, o dedo espeta
E grita, berra, braba, forte, mata
Dandara
Bonita, bárbara, felina, flor do gravatá
Vibra o punhal de prata!
Vibra o punhal de prata!
Vibra o punhal de prata!
E ainda assim tão terna
Tão ternamente rara
A flor do gravatá
Medra na pedra
Na pedra se escancara
Dandara, Dandara, Dandara
BRWMB0101450
© Gege Edições Musicais / © EMI Songs do Brasil Edições Musicais LTDA.
Ficha técnica da faixa:
voz, violão e guitarra – Gilberto Gil
sopros – Beto Saroldi
guitarra – Celso Fonseca
teclado e vocais – Gerson Santos
teclado e vocais – Jorjão Barreto
percussão – Repolho
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
bateria – Wilson das Neves
vocal – Nara Gil e Neila Carneiro
Outras gravações:
“Trilha sonora do filme Quilombo o Eldorado Negro”, Gilberto Gil, Sigla 1984
[ para o filme Quilombo, de Carlos Diegues ]
Festa Do Cometa
Gilberto Gil
O cometa é um facão
Que acentua a divisão
Profeta branco, anuncia
O fim do planeta Terra
Fome, seca, epidemia
Bexiga, maleita, morte
O diabo a quatro
Eta cometa da peste
De mil e seiscentos e sessenta e quatro
O cometa é um facão
Que acentua a divisão
Pro povo preto é bendito
É bem-vindo e é bonito
Ajunta céu e terra
Fartura e festa
Estrela e mata
Eta cometa porreta
De mil e seiscentos e sessenta e quatro
BRWMB0101451
© Gege Edições / Preta Music (EUA & Canada)
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
Saída para Guerra
Gilberto Gil
[ instrumental ]
BRWMB0101452
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz, violão e guitarra – Gilberto Gil
sopros – Beto Saroldi
guitarra – Celso Fonseca
teclado e vocais – Gerson Santos
teclado e vocais – Jorjão Barreto
percussão – Repolho
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
bateria – Wilson Meirelles
vocal – Nara Gil e Neila Carneiro
Tambores Esquentam / Namba Dança
Gilberto Gil
[ instrumental ]
BRWMB0201390
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz, violão e guitarra – Gilberto Gil
sopros – Beto Saroldi
guitarra – Celso Fonseca
teclado e vocais – Gerson Santos
teclado e vocais – Jorjão Barreto
percussão – Repolho
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
bateria – Wilson Meirelles
teclado e vocais – Nara Gil e Neila Carneiro
Outras gravações:
“Quilombo”, Gilberto Gil, Warner Music 2002
Namba, A Gangamorada
Gilberto Gil
Namba deita pa Ganga
Olha nos olhos
Namba deita pa Ganga
Beija na boca
Namba deita pa Ganga
Pernas pros ares
Iaiá Namba é pa Ganga
Linda morada
Namorada de Ganga
Nambamorada
Nambamorada de Ganga
Nambamorada
BRWMB0101453
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz, violão e guitarra – Gilberto Gil
sopros – Beto Saroldi
guitarra – Celso Fonseca
teclado e vocais – Gerson Santos
teclado e vocais – Jorjão Barreto
percussão – Repolho
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
bateria – Wilson Meirelles
produção – Liminha
participação especial – Nara Gil
vocal – Nara Gil e Neila Carneiro
engenheiro – Vitor Farias
[ inédita – para o filme Quilombo ]
Fuga No Canavial
Gilberto Gil
[ instrumental ]
BRWMB0201391
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz, violão e guitarra – Gilberto Gil
sopros – Beto Saroldi
guitarra – Celso Fonseca
teclado e vocais – Gerson Santos
teclado e vocais – Jorjão Barreto
percussão – Repolho
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
bateria – Wilson Meirelles
produção – Liminha
vocal – Nara Gil e Neila Carneiro
engenheiro – Vitor Farias
Outras gravações:
“Quilombo”, Gilberto Gil 2002
Oriente
Gilberto Gil
Se oriente, rapaz
Pela constelação do Cruzeiro do Sul
Se oriente, rapaz
Pela constatação de que a aranha
Vive do que tece
Vê se não se esquece
Pela simples razão de que tudo merece
Consideração
Considere, rapaz
A possibilidade de ir pro Japão
Num cargueiro do Lloyd lavando o porão
Pela curiosidade de ver
Onde o sol se esconde
Vê se compreende
Pela simples razão de que tudo depende
De determinação
Determine, rapaz
Onde vai ser seu curso de pós-graduação
Se oriente, rapaz
Pela rotação da Terra em torno do Sol
Sorridente, rapaz
Pela continuidade do sonho de Adão
BRWMB0201392
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz, violão e guitarra – Gilberto Gil
sopros – Beto Saroldi
guitarra – Celso Fonseca
teclado e vocais – Gerson Santos
vocal – Jorjão Barreto
percussão – Repolho
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
bateria – Wilson Batista
vocal – Nara Gil e Neila Carneiro
A “voz” – “Eu e Sandra [Sandra Gadelha, a terceira mulher de Gil] estávamos em Ibiza, na Espanha, numa casinha que tínhamos alugado num bosque de eucalipto. Era um fim de tarde de verão; tínhamos ido à praia e tomado orchata de chufa. Eu estava sentado à porta do chalé, fitando a transição do céu azul para o céu noturno; começavam a surgir as primeiras estrelas. Sandra lá dentro, preparando alguma coisa, e eu ali, quieto. De repente eu vi uma estrela cadente e aquilo me deu interiormente a sensação de uma voz. ‘Se oriente!’ – surgiu essa voz. “Se oriente, rapaz”. Aí eu entrei, peguei papel e lápis, e…”
De como os sentimentos e as reflexões foram nutrindo a inspiração poética e a composição se transformando numa condensação de símbolos – “Da saudade do sul – do hemisfério sul – veio a idéia do Cruzeiro como orientação, como se eu tivesse de me lançar ao mar em busca da redescoberta da minha terra (Cabral, as três caravelas, as navegações: tudo isso vinha à cabeça), desencadeando-se a seguir a meditação sobre a minha situação no exílio, com uma auto-justificação da necessidade da viagem e uma metáfora para o sacrifício da aventura forçada (os navios negreiros, o trabalho escravo no porão dos negreiros; tudo vinha à cabeça e os pensamentos iam sendo sintetizados nos versos).
“O fato de eu ter feito o projeto da familia, a faculdade; de ter recusado uma pós-graduação na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, para assumir o trabalho na Gessy-Lever e ficar em São Paulo perto de Caetano, de Bethânia, de Gal, do projeto pessoal, a música; e de o trabalho na Gessy-Lever ter sido uma espécie de pós-graduação também, assim como a situação do exílio tinha para mim um significado de pós-graduação… Por tudo isso Oriente é a música minha que eu considero mais pessoal e auto-solidária, mais solitária. Não sou eu em relação a uma mulher ou a uma cidade; sou eu em relação a mim mesmo, a um momento de vida. Back in Bahia também é auto-referente; ela e Oriente são complementares. Minhas músicas da época são assim. Expresso 2222 é meu disco mais elaborado no sentido de relatar um período.”
Atmosfera oriental – “O ‘sorridente’ foi lembrança remota e inconsciente dos versos de Rogério Duarte comigo em Objeto Semi-Identificado: ‘sorridente’ contém ‘oriente’. (O uso do termo ali dá também um alívio em relação ao tom de cobrança de antes: ‘se oriente’, ‘considere’, ‘determine’). O clima do oriente estava no ar: os hare-krishna, os tarôs, os I-Chings. E eu estava num ambiente propício para a referência adâmica do final; Ibiza era o paraíso da contracultura, refúgio de hippies de todo o mundo: europeus, americanos, brasileiros, indianos.”
Cérebro Eletrônico
Gilberto Gil
O cérebro eletrônico faz tudo
Faz quase tudo
Quase tudo
Mas ele é mudo
O cérebro eletrônico comanda
Manda e desmanda
Ele é quem manda
Mas ele não anda
Só eu posso pensar se Deus existe
Só eu
Só eu posso chorar quando estou triste
Só eu
Eu cá com meus botões de carne e osso
Hum, hum
Eu falo e ouço
Hum, hum
Eu penso e posso
Eu posso decidir se vivo ou morro
Porque
Porque sou vivo, vivo pra cachorro
E sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Em meu caminho inevitável para a morte
Porque sou vivo, ah, sou muito vivo
E sei
Que a morte é nosso impulso primitivo
E sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Com seus botões de ferro e seus olhos de vidro
BRWMB0201240
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
percussão – Repolho
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
bateria – Wilson Meirelles
Outras gravações:
“Barulhinho bom”, Marisa Monte, EMI Music
“A arte de Gilberto Gil”, Polygram/Fontana 1985
“Multishow ao vivo – Caetano e Maria Gadú”, Caetano Veloso e Maria Gadú, Universal Music 2011
“Gilberto Gil revisitado”, Gilberto Gil, Dubas Music 2004
“Personalidade – vol. 2”, Gilberto Gil, 2 Novodisc Mídia Digital 2013
“Giluminoso”, Gilberto Gil, Biscoito Fino 2006
“UNB”, Gilberto Gil 1999
“Millennium”, Gilberto Gil, Universal Music 2004
“Gilberto Gil”, Gilberto Gil, Universal Music 2004
“Quilombo”, Gilberto Gil, Warner Music 2002
“Quanta gente veio ver”, Gilberto Gil, Warner Music 1998
“It’s good to be alive – anos 90”, Gilberto Gil, Warner Music 2002
“Barulinho bom”, Marisa Monte, EMI Music 2004
“Viver a vida”, Mylena, Som Livre 2009
“Tempos modernos”, Mylene, Som Livre 2009
“Eu estava preso havia umas três semanas, quando o sargento Juarez me perguntou se eu não queria um violão. Eu disse: ‘Quero’. E ele me trouxe um, com a permissão do comandante do quartel. O violão ficou comigo uns quinze dias. Aí, eu, que até então não tinha tido estímulo para compor (faltava a ‘voz’ da música, o instrumento), fiz Cérebro Eletrônico, Vitrines e Futurível – além de uma outra, também sob esse enfoque, ou delírio, científico-esotérico, que possivelmente ficou apenas no esboço e eu esqueci.
“O fato de eu ter sido violentado na base de minha condição existencial – meu corpo – e me ver privado da liberdade da ação e do movimento, do domínio pleno de espaço-tempo, de vontade e de arbítrio, talvez tenha me levado a sonhar com substitutivos e a, inconscientemente, pensar nas extensões mentais e físicas do homem, as suas criações mecânicas; nos comandos tele-acionáveis que aumentam sua mobilidade e capacidade de agir e criar. Porque essas são idéias que perpassam as três canções.”
Geléia Geral
Gilberto Gil
Torquato Neto
Um poeta desfolha a bandeira
E a manhã tropical se inicia
Resplandente, cadente, fagueira
Num calor girassol com alegria
Na geléia geral brasileira
Que o “Jornal do Brasil” anuncia
Ê, bumba-yê-yê-boi
Ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê
É a mesma dança, meu boi
A alegria é a prova dos nove
E a tristeza é teu porto seguro
Minha terra é onde o sol é mais limpo
E Mangueira é onde o samba é mais puro
Tumbadora na selva-selvagem
Pindorama, país do futuro
Ê, bumba-yê-yê-boi
Ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê
É a mesma dança, meu boi
É a mesma dança na sala
No Canecão, na TV
E quem não dança não fala
Assiste a tudo e se cala
Não vê no meio da sala
As relíquias do Brasil:
Doce mulata malvada
Um LP de Sinatra
Maracujá, mês de abril
Santo barroco baiano
Superpoder de paisano
Formiplac e céu de anil
Três destaques da Portela
Carne-seca na janela
Alguém que chora por mim
Um carnaval de verdade
Hospitaleira amizade
Brutalidade jardim
Ê, bumba-yê-yê-boi
Ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê
É a mesma dança, meu boi
Plurialva, contente e brejeira
Miss linda Brasil diz “bom dia”
E outra moça também Carolina
Da janela examina a folia
Salve o lindo pendão dos seus olhos
E a saúde que o olhar irradia
Ê, bumba-yê-yê-boi
Ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê
É a mesma dança, meu boi
Um poeta desfolha a bandeira
E eu me sinto melhor colorido
Pego um jato, viajo, arrebento
Com o roteiro do sexto sentido
Voz do morro, pilão de concreto
Tropicália, bananas ao vento
Ê, bumba-yê-yê-boi
Ano que vem, mês que foi
Ê, bumba-yê-yê-yê
É a mesma dança, meu boi
BRWMB0201393
© Gege Edições / Preta Music (EUA & Canada) / © Warner/Chappell Edições Musicais LTDA.
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
Outras gravações:
“A arte de Gilberto Gil”, Polygram/Fontana 1985
“Caetano Veloso com Gilberto Gil”, Tropicalia, Universal Music 1996
“Tropicalia”, Gilberto Gil, Polygram Music 1979
“Historia da MPB”, Gilberto Gil, Abril Cultural 1982
“Colecionave Torquato Neto”, Gilberto Gil, Dubas Music 2001
“Poetas da MPB – Daniela Mercury”, Gilberto Gil, Globo-Columbia 1997
“20 grandes sucessos da Tropicalia”, Gilberto Gil, Polygram Music
“Do tropicalismo aos dias de hoje”, Gilberto Gil, Trama Music 2007
“Millennium’, Gilberto Gil, Universal Music 2004
“Quilombo”, Gilberto Gil, Warner Music 2002
“Movimento – uma viagem pela Tropicália”, Música em família e Paula Santisteban 2015
“Uma retrospectiva da evolução do trio eletrico”, Varios, TV Aratu
“Bailando na escuridão”, Zeca Torres, Eudes Fraga e Claudio Nucci, José Evangelista Torres Filho 2014
Expresso 2222
Gilberto Gil
Começou a circular o Expresso 2222
Que parte direto de Bonsucesso pra depois
Começou a circular o Expresso 2222
Da Central do Brasil
Que parte direto de Bonsucesso
Pra depois do ano 2000
Dizem que tem muita gente de agora
Se adiantando, partindo pra lá
Pra 2001 e 2 e tempo afora
Até onde essa estrada do tempo vai dar
Do tempo vai dar
Do tempo vai dar, menina, do tempo vai
Segundo quem já andou no Expresso
Lá pelo ano 2000 fica a tal
Estação final do percurso-vida
Na terra-mãe concebida
De vento, de fogo, de água e sal
De água e sal
De água e sal
Ô, menina, de água e sal
Dizem que parece o bonde do morro
Do Corcovado daqui
Só que não se pega e entra e senta e anda
O trilho é feito um brilho que não tem fim
Oi, que não tem fim
Que não tem fim
Ô, menina, que não tem fim
Nunca se chega no Cristo concreto
De matéria ou qualquer coisa real
Depois de 2001 e 2 e tempo afora
O Cristo é como quem foi visto subindo ao céu
Subindo ao céu
Num véu de nuvem brilhante subindo ao céu
BRWMB0201394
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz, violão e guitarra – Gilberto Gil
sopros – Beto Saroldi
guitarra – Celso Fonseca
teclado e vocais – Gerson Santos
teclado e vocais – Jorjão Barreto
percussão – Repolho
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
bateria – Wilson Meirelles
vocal – Nara Gil e Neila Carneiro
Outras gravações:
“A voz do bandolim”, Armandinho, Vison
“Baile Barroco”, Daniela Mercury, BMG
“Aquele frevo axé”, Gal Costa, BMG
“Brilhantes”, João Bosco, Sony Music
“Songbook Gilberto Gil, João Bosco, Lumiar
“Muito prazer”, Ju Cassou
“O samba da minha terra”, Marco Pereira
“De todas as maneiras”, Mariana, Polygram Music
“A música de Gilberto Gil”, MPB4, Polygram
“Se dependesse de mim”, Wilson Simonal, Universal Music
“A arte de Gilberto Gil”, Polygram / Fontana 1985
“Limiar”, Almir côrtes, Almir Côrtes 2013
“Coletânea vibrafone brasileiro”, André Juarez e quarteto, Pôr Do Som Produções Artísticas 2013
“Cordas vocais-dueto”, Andrea Montezuma e Jorjão Carvalho, Cordas vocais-dueto 2001
“Visom digital”, Armandinho 2002
“A voz do bandolim”, Armandinho, Vison 2001
“Forrozança”, Banda som da terra, J&R Produções 2016
“Trilha sonora do filme 1972”, Bem Gil, EMI Music 2003
“Bibi Ferreira brasileiro, profissão esperança”, Biscoito Fino 2013
“Cada tempo em seu lugar”, Cacala Carvalho e João Braga, Mills Records 2012
“Dois amigos, um século de música”, Caetano Veloso & Gilberto Gil 2015
“Pra nhá terra”, Coro Meninos de Araçuaí, Associação Cultural Ponto De Partida
“Baile barroco”, Daniela Mercury, Páginas Do Mar 2006
“Equale no Expresso 2222”, Equale, Cdyou 2001
“Aquele frevo axé”, Gal Costa, BMG 1998
“A história da MPB”, Gilberto Gil, Abril Cultural
“Expresso 2222”, Gilberto Gil, Fontana/Polygram 1982
“Fé na festa – ao vivo”, Gilberto Gil, Gege Produções Artísticas 2010
“Bandadois”, Gilberto Gil, Gege Produções Artísticas 2009
“Caixa a conspiração de Gilberto Gil – CD Bandadois”, Gilberto Gil, Gege Produções Artísticas
“Gil + 10”, Gilberto Gil, Globaldisc Indústria de CD’S e DVD’S 2011
“Poetas da MPB – João Bosco”, Gilberto Gil, Globo-Columbia 1997
“Personalidade – Gilberto Gil”, Gilberto Gil, Novodisc mídia digital da Amazônia 2013
“O cordão da liberdade”, Gilberto Gil, Philips 1981
“Minha historia”, Gilberto Gil, Polygram Music 1993
“20 obras primas”, Gilberto Gil, Polygram Music 1996
“A voz de…”, Gilberto Gil, Polygram Music 1981
“Personalidade”, Gilberto Gil, Polygram Music 1987
“20 grandes sucessos de MPB”, Gilberto Gil 1999
“Expresso 2222”, Gilberto Gil, Polygram Music 1998
“O vira mundo ao vivo – CD 1”, Gilberto Gil, Polygram Music 1998
“Gilberto Gil ao vivo – USP (1973)”, Gilberto Gil, Discobertas 2017
“Back in Bahia – ao vivo (1972)”, Gilberto Gil 2017
“Concerto de cordas e máquinas de ritmo”, Biscoito Fino 2012
“Serie gold”, Gilberto Gil
“Um dia em Londres eu anotei num caderno: ‘Começou a circular o expresso 2222, que parte direto de Bonsucesso pra depois’ – e esse pra depois me suscitou imediatamente uma parada. Não tive o mínimo ímpeto de continuar nada; decidi deixar aquilo ali como um vinho, num barril de carvalho, pra envelhecer. Só quase um ano mais tarde, já em outra casa, peguei de novo o caderno (onde, além de versos, eu anotava recados telefônicos, bilhetes para Sandra), musiquei o que tinha escrito e, com o violão, fui fazendo o resto.”
Por que 2222 – “Da infância até a idade adulta eu fiz muita viagem de trem, que era um dos meios de transportes fundamentais para nós da Bahia. Os trens da Companhia Leste Brasileira – e outros – saindo e entrando nas estações, em Salvador, em Ituaçu, em Nazaré das Farinhas, me marcaram. Não sei por que cargas d’água, essa repetição do 2 era algo de que eu estava impregnado; alguma locomotiva, de número 222, que eu vi, ficou na minha cabeça e, quando comecei a letra, a primeira imagem que me veio foi dela.”
As metáforas da canção – “É evidente que a idéia de viagem, expressa na letra, está ligada às drogas, os modificadores e expansores de consciência da época. Era um tempo de muita maconha, LSD, mescalina; Londres vivia o auge dessa cultura. O expresso foi uma alegoria literal disso. E ‘Bonsucesso’ entrou porque era rima e, além disso, referência a um lugar de onde eu vinha, de onde a viagem poderia ter-se iniciado – o Brasil, o Rio de Janeiro, aquele bairro -, seguindo dali pra depois…”
Vocativo funcional – “A tal menina que aparece no meio da música é uma interlocutora fictícia, que só entrou para fazer a transição rítmica entre uma linha e outra, como um engate dos vagões de um trem, mas que ganhou personalidade e reapareceu na estrofe seguinte. Eu senti necessidade de chamá-la à cena de novo, de revê-la na próxima estação… Essas coisas malucas; o feitio de uma canção é uma loucura!”
A raça humana
Gilberto Gil
A raça humana é
Uma semana
Do trabalho de Deus
A raça humana é a ferida acesa
Uma beleza, uma podridão
O fogo eterno e a morte
A morte e a ressurreição
A raça humana é
Uma semana
Do trabalho de Deus
A raça humana é o cristal de lágrima
Da lavra da solidão
Da mina, cujo mapa
Traz na palma da mão
A raça humana é
Uma semana
Do trabalho de Deus
A raça humana risca, rabisca, pinta
A tinta, a lápis, carvão ou giz
O rosto da saudade
Que traz do Gênesis
Dessa semana santa
Entre parênteses
Desse divino oásis
Da grande apoteose
Da perfeição divina
Na Grande Síntese
A raça humana é
Uma semana
Do trabalho de Deus
BRWMB0201395
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
voz, violão e guitarra – Gilberto Gil
sopros – Beto Saroldi
guitarra – Celso Fonseca
teclado e vocais – Gerson Santos
teclado e vocais – Jorjão Barreto
percussão – Repolho
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
bateria – Wilson Meirelles
vocal – Nara Gil e Neila Carneiro
A música foi feita após uma estada de Gilberto Gil em Israel, durante a qual visitou os locais bíblicos como o túmulo de Jesus, a casa de Lázaro e outros. “O mote – ‘a raça humana é uma semana do trabalho de Deus’ – surgiu em Tel-Aviv”, reporta o autor. “Ao voltar, elaborei a letra toda. A canção é a emanação das sensações vividas por mim naqueles lugares”.
*
– Às vezes, ao final de uma frase melódica que requer uma palavra oxítona também pode se justapor uma proparoxítona; o cantar faz a acentuação recair tanto na antipenúltima quanto na última sílaba. É o que acontece em A Raça Humana no verso que termina com “gênesis”, proporcionando o fenômeno rímico com “giz”.
Gil: “Sem descaracterizar o acento gramatical e sem criar a sensação de problemas prosódicos. Porque, você quase não ouve o ‘sis’ da palavra, falada: a ênfase fica no ‘gê’; mas na música, você canta ‘gênesís’. Soa bem a incidência acentual nas duas sílabas. É a liberdade que só a música dá, de entoar diversamente.”
– Uma particularidade da poesia de música, porque esse tipo de rima só se efetua realmente, claramente, na melodia. E depois, mais abaixo, você ainda diz ‘parênteses’, rimando com ‘gênesis’ (e ‘giz’).
*
Gil: “Eu adorava essa expressão do Caetano Veloso, ‘ferida acesa’ [de Luz do Sol: “Marcha o homem sobre o chão/ Leva no coração uma ferida acesa”], e resolvi transpô-la, traduzi-la para o contexto de A Raça Humana. ‘Ferida acesa’: como se o pus fosse luz.”
– Luz e pus, beleza e podridão.
“A idéia é essa.”
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