Extra 2 (O rock do segurança)
Gilberto Gil
O segurança me pediu o crachá
Eu disse: “Nada de crachá, meu chapa
Eu sou um escrachado, um extra achado
Num galpão abandonado, nada de crachá
“Sei que o senhor é pago pra suspeitar
Mas eu estou acima de qualquer suspeita
Em meu planeta, todo povo me respeita
Sou tratado assim como um paxá
“Essa aparência
De um mero vagabundo é mera coincidência
Deve-se ao fato
De eu ter vindo ao seu mundo com a incumbência
De andar a terra
Saber por que o amor, saber por que a guerra
Olhar a cara
Da pessoa comum e da pessoa rara
“Um dia rico, um dia pobre, um dia no poder
Um dia chanceler, um dia sem comer
Coincidiu de hoje ser meu dia de mendigo
Meu amigo, se eu quisesse, eu entraria sem você me ver”
BRWMB9900481
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e guitarra – Gilberto Gil
teclado – Jorjão Barreto
guitarra – Liminha
baixo – Liminha
teclado – Liminha
Programação DMX – Liminha
bateria – Téo Lima
sax – Zé Luís
Outras gravações:
“Songbook Gilberto Gil”, Alceu Valença, Lumiar
“Bernardo Diniz Bomeny”, Bernardo Bomeny 2005
“Edvate Maria Freitas”, Edvane Freitas 2001
“Raça humana”, Gilberto Gil, Warner Music
“Gilberto Gil – original album series (cd 2)”, Gilberto Gil, Warner Music do Brasil 2012
“Gil + 10”, Gilberto Gil & Erasmo Carlos, Som Livre 2011
“Manuela rodrigues – 2015”, Manuela Rodrigues Bonfim 2015
“Cria do samba”, Nego Alvaro, Coqueiro Verde Records 2016
“Pensemsalvar”, Redtrip, Ricardo Ferretti Romão 2011
“A música foi feita em meia hora, na mesa de um quarto do Hotel Marina, no Rio, onde eu estava morando um tempo com Flora. Eu estava criando as canções do Raça Humana (metade do disco era na linha rock brasileiro) e, uma noite, antes de sairmos pra jantar, fiquei fazendo um riff de rock e quis usar um mote ligado às vivências típicas do mundo do rock’n’roll. Pensei então na situação dos seguranças barrando os fãs no ímpeto de entrar nos lugares onde estão os ídolos, e o impasse natural e necessário que se cria. A partir daí, as associações foram sendo feitas naturalmente por necessidade de criação do personagem, um ET divino que vem como um homem simples, humilde – uma imagem cristã, a do Deus que encarna para se solidarizar com o ser humano. Extra 2 dá sequência a Extra; lá, o ET era epifânico, aqui ele é crístico, e na primeira pessoa: eu sou ele. Já é outra visão, influenciada pelo mito de que extraterrenos se disfarçam de humanos, por várias razões.”
Feliz por um triz
Gilberto Gil
Sou feliz por um triz
Por um triz sou feliz
Mal escapo à fome
Mal escapo aos tiros
Mal escapo aos homens
Mal escapo ao vírus
Passam raspando
Tirando até meu verniz
O fato é que eu me viro mais que picolé
Em boca de banguelo
Por pouco, mas eu sempre tiro o dedo – é
Na hora da porrada do martelo
E sempre fica tudo azul, mesmo depois
Do medo me deixar verde-amarelo
Liga-se a luz do abajur lilás
Mesmo que por um fio de cabelo
Sou feliz por um triz
Por um triz sou feliz
Eu já me acostumei com a chaminé bem quente
Do Expresso do Ocidente
Seguro que eu me safo até muito bem
Andando pendurado nesse trem
As luzes da cidade-mocidade vão
Guiando por aí meu coração
Chama-se o Aladim da lâmpada neon
E de repente fica tudo bom
BRWMB9900482
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e guitarra – Gilberto Gil
vocal – Celso Fonseca
guitarra solo – Celso Fonseca
guitarra – Liminha
baixo – Liminha
vocal – Liminha
bateria – Pedro Gil
vocal – Pedro Gil
vocal – Wally Salomão
sax – Zé Luiz e Leo Gandelman
Outras gravações:
“Raça humana”, Gilberto Gil, Warner Music
“Gilberto Gil – original album series (cd 2)”, Gilberto Gil, Warner Music 2012
Pessoa nefasta
Gilberto Gil
Tu, pessoa nefasta
Vê se afasta teu mal
Teu astral que se arrasta tão baixo no chão
Tu, pessoa nefasta
Tens a aura da besta
Essa alma bissexta, essa cara de cão
Reza
Chama pelo teu guia
Ganha fé, sai a pé, vai até a Bahia
Cai aos pés do Senhor do Bonfim
Dobra
Teus joelhos cem vezes
Faz as pazes com os deuses
Carrega contigo uma figa de puro marfim
Pede
Que te façam propícia
Que retirem a cobiça, a preguiça, a malícia
A polícia de cima de ti
Basta
Ver-te em teu mundo interno
Pra sacar teu inferno
Teu inferno é aqui
Pessoa nefasta
Tu, pessoa nefasta
Gasta um dia da vida
Tratando a ferida do teu coração
Tu, pessoa nefasta
Faz o espírito obeso
Correr, perder peso, curar, ficar são
Solta
Com a alma no espaço
Vagarás, vagarás, te tornarás bagaço
Pedaço de tábua no mar
Dia
Após dia boiando
Acabarás perdendo a ansiedade, a saudade
A vontade de ser e de estar
Livre
Das dentadas do mundo
Já não terás, no fundo, desejo profundo
Por nada que não seja bom
Não mais
Que um pedaço de tábua
A boiar sobre as águas
Sem destino nenhum
Pessoa nefasta
BRWMB9701934
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e guitarra – Gilberto Gil
baixo – Liminha
teclado – Liminha
Programação DMX – Liminha
bateria – Téo Lima
percussão – Téo Lima
“Estranha personagem. Muita gente perguntou: ‘É Paulo Maluf? É não sei quem?’ Era a encarnação do pessimismo, do baixo astral brasileiro que, enfim, estava um pouco na figura do político, na do empresário, do tubarão, dos grandes patrões, dos poderosos da televisão… e na figura do bandido ruim, perverso, maldoso, sanguinário, que mata pra roubar – é até mais a esse personagem, de origem simples, humilde, que a música se dirige; é ele, mais identificado com a área popular, que melhor se incorpora à canção e é escolhido por ela, tanto que acaba sendo intimado a ir a pé à Bahia, ao Bonfim.
“Eu havia sido assaltado e, sem dúvida alguma, o fato influiu na minha criação: Pessoa Nefasta foi pra eles. Eram dois e, armados, nos imobilizaram, ficaram nos encarando, ameaçaram estuprar minha mulher e poderiam ter me matado, porque eu discuti com eles. É pro tipo de espírito deles que eu falo na letra, de sonoridades agressivas, toda no imperativo, como se dita por uma mãe de santo, um padre, um sacerdote, um guia espiritual, um exorcista: como um ‘vadi retro, Satanás’. Pessoa Nefasta é uma canção de exorcismo.”
Tempo rei
Gilberto Gil
Não me iludo
Tudo permanecerá do jeito que tem sido
Transcorrendo
Transformando
Tempo e espaço navegando todos os sentidos
Pães de Açúcar
Corcovados
Fustigados pela chuva e pelo eterno vento
Água mole
Pedra dura
Tanto bate que não restará nem pensamento
Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei
Transformai as velhas formas do viver
Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei
Pensamento
Mesmo o fundamento singular do ser humano
De um momento
Para o outro
Poderá não mais fundar nem gregos nem baianos
Mães zelosas
Pais corujas
Vejam como as águas de repente ficam sujas
Não se iludam
Não me iludo
Tudo agora mesmo pode estar por um segundo
Tempo rei, ó, tempo rei, ó, tempo rei
Transformai as velhas formas do viver
Ensinai-me, ó, pai, o que eu ainda não sei
Mãe Senhora do Perpétuo, socorrei
BRWMB9701932
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e guitarra – Gilberto Gil
guitarra – Liminha
baixo – Liminha
teclado – Liminha
bateria – Téo Lima
percussão – Marçal
vocal – Ritchie
“Tempo Rei é a minha versão para uma questão colocada em Oração ao Tempo, onde a frase-chave para mim é: ‘Quando eu tiver saído para fora do teu círculo, não serei nem terás sido’ – quer dizer: o tempo desaparecerá, eu desaparecerei; o tempo e aquele que o inventa, o ego, estarão ambos desinventados, portanto. Na música do Caetano parece haver um niilismo essencial, um mergulho no nada absoluto e uma resignação plena, orgulhosa e altiva com a extinção. Na minha tem uma coisa mais cristã; uma, quem sabe, quimera; um vago desejo de permanência e de transformação.
“Em todo o meu filosofar popular sobre o existente e o eterno, há sempre uma possível porta aberta pra algo pós. Para mim é muito difícil não crer no pós sem não crer no pré. Como me é absolutamente impossível anular a existência do anterior a mim, também me é muito difícil aceitar a inexistência do posterior; para mim são coisas iguais. Assim como eu ‘não posso esquecer que um dia houve em que eu não estava aqui’ (Cada Tempo em Seu Lugar), um dia haverá em que eu não estarei aqui: mas esse dia haverá; haverá o ser das coisas que serão independentes de mim então. Eu não imagino a extinção de tudo com a extinção do meu ego. A morte de todas as pessoas que nós conhecemos até aqui não extinguiu o mundo – nem o que foi anterior a elas, nem o que lhes foi posterior; por que esse milagre aconteceria justo comigo? Eu levaria tudo comigo?
“Aí reside para mim um problema do existencialismo. Aí, e só aí, eu esbarro um pouco em Sartre, apesar do meu grande amor por ele, e ele não me convence. Sartre morreu e o mundo está aí! Por isso à sua filosofia eu chamaria mais de individualismo do que existencialismo. Um existencialismo individualista, não algo universalizável.”
*
O provérbio “água mole em pedra dura etc.” fala da eficácia que as coisas acabam tendo ao durarem no tempo. Na letra, a omissão do final do ditado, “até que fura” (cujo significado é o da ação de interferência no mundo, dentro do plano do tempo “real”, cronológico), e a sua substituição pela expressão “que não restará nem pensamento”, além de servirem para romper a expectativa de enunciação completa de um dito conhecido, servem, segundo Gil, sobretudo ao seu propósito de sugerir a idéia de corte da dimensão do tempo enquanto duração para a dimensão do tempo “enquanto eternidade sorvedora de todas as suas dimensões, para a sua transdimensionalização”; de saída “do tempo-existência para o tempo-essência (o eterno)”; do tempo para o “atempo” – onde, nas palavras do compositor, “já nem pensar é possível”.
Vamos fugir
Gilberto Gil
Vamos fugir
Deste lugar, baby
Vamos fugir
Tô cansado de esperar
Que você me carregue
Vamos fugir
Proutro lugar, baby
Vamos fugir
Pronde quer que você vá
Que você me carregue
Pois diga que irá
Irajá, Irajá
Pronde eu só veja você
Você veja a mim só
Marajó, Marajó
Qualquer outro lugar comum
Outro lugar qualquer
Guaporé, Guaporé
Qualquer outro lugar ao sol
Outro lugar ao sul
Céu azul, céu azul
Onde haja só meu corpo nu
Junto ao seu corpo nu
Vamos fugir
Proutro lugar, baby
Vamos fugir
Pronde haja um tobogã
Onde a gente escorregue
Todo dia de manhã
Flores que a gente regue
Uma banda de maçã
Outra banda de reggae
BRWMB9701925
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz – Gilberto Gil
teclado – Gerson Santos
teclado – Jorjão Barreto
guitarra solo – Liminha
sax – Zé Luiz
gravações:
“Nenhum motivo explica a guerra”, AfroReggae, Gege
“Banda Caiana”, Banda Caiana, Warner
“Simbora”, Daude, Natasha
“Pé na estrada”, Dora Vergueiro, Columbus
“Baioque”, Elba Ramalho, BMG
“Ao vivo em Uberlândia”, Marco e Mário, Sony
“Nega Rosa”, Nega Rosa, Polygram
“Gueto do universo”, Planta e Raiz, Arsenal Discos
“Outra música”, Silvio de Oliveira, Natasha
“Skank”, Skank, Sony
[ Gimme Your Love, de Gilberto Gil e Liminha ]
A mão da limpeza
Gilberto Gil
O branco inventou que o negro
Quando não suja na entrada
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Que mentira danada, ê
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o negro penava, ê
Mesmo depois de abolida a escravidão
Negra é a mão
De quem faz a limpeza
Lavando a roupa encardida, esfregando o chão
Negra é a mão
É a mão da pureza
Negra é a vida consumida ao pé do fogão
Negra é a mão
Nos preparando a mesa
Limpando as manchas do mundo com água e sabão
Negra é a mão
De imaculada nobreza
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
Eta branco sujão
BRWMB9900483
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e guitarra – Gilberto Gil
teclado – Jorjão Barreto
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
guitarra – Liminha
percussão – Marçal
Outras gravações:
“Eldorado- jornal gaze”, Araketu 1998
“Raça humana”, Gilberto Gil, Warner Music 1984
“Original album series (CD 2)”, Gilberto Gil, Warner Music 2012
“Eu fiz A Mão da Limpeza para repor certas coisas no lugar e remendar um preconceito histórico contra os negros; para responder, no mesmo tom, um desaforo – o velho ditado: ‘Negro, quando não suja na entrada, suja na saída.’
“Ocorriam-me imagens de lavadeiras lavando roupa nas beiras de rios, inúmeros, por que eu passei no interior da Bahia e outros lugares; de cozinheiras negras, jovens e velhas, espalhadas pelas cozinhas do Brasil; de várias faxineiras limpando as casas. Ocorria-me com muita nitidez o quão acionados e quão importantes são os negros para o trabalho de limpeza em geral que é feito na vida, e também com tamanha nitidez o quão sujadores são exatamente os que têm mais recursos, os mais ricos, os mais beneficiados da sociedade que, em sua grande maioria, correspondem à classe mais clara, a faixa mais branca.
“Quer dizer, os negros são tão maciçamente empenhados na função da limpeza da comunidade e acabam sendo acusados de ser os sujões. No fundo, o provérbio tem uma conotação nitidamente moral, além de física; o que se tenta considerar como sujo no negro é sua existência, sua pessoa, sua condição humana. Nesse sentido é muito mais terrível, e a música nem alcança a dimensão da crítica disso; ela apenas toca nisso.
“Mas jogando a sujeira como algo produzido preferencialmente pelos brancos, ela faz a limpeza da nódoa que quiseram impor aos negros. E deixa implícita também uma condenação moral aos brancos. Ou seja: ‘Sujos na verdade são vocês, de corpo e alma; pelo menos, mais sujos que os negros vocês são. Há muito mais sujeira a apurar ao longo do processo da civilização de vocês do que da nossa.’ É o que a música diz. E ela diz o que tem a dizer, com contundência e eficácia.”
Índigo blue
Gilberto Gil
Índigo blue, índigo blue
Índigo blusão
Índigo blue, índigo blue
Índigo blusão
Sob o blusão, sob a blusa
Nas encostas lisas do monte do peito
Dedos alegres e afoitos
Se apressam em busca do pico do peito
De onde os efeitos gozosos
Das ondas de prazer se propagarão
Por toda essa terra amiga
Desde a serra da barriga
Às grutas do coração
Índigo blue, índigo blue
Índigo blusão
Índigo blue, índigo blue
Índigo blusão
Sob o blusão e a camisa
Os músculos másculos dizem respeito
A quem por direito carrega
Essa Terra nos ombros com todo o respeito
E a deposita a cada dia
Num leito de nuvens suspenso no céu
Tornando-se seu abrigo
Seu guardião, seu amigo
Seu amante fiel
BRWMB9800347
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e guitarra – Gilberto Gil
guitarra solo – Celso Fonseca
teclado – Jorjão Barreto
baixo, teclados, sequencer e programação DMX – Liminha
bateria – Téo Lima
vocal – Paulinho Soledade, Ana, Mirian
Outras gravações:
“Buraco negro”, Erasmo Carlos, Universal Music
“Equale”, Equale, Albatroz
“Equale no Expresso 2222”, Equale, Cdyou 2001
“A popularidade de Erasmo Carlos”, Erasmo Carlos, Novodisc Mídia Digital 2012
“20 grandes sucessos de Erasmo Carlos”, Erasmo Carlos, Polygram Music 1999
“Buraco negro”, Erasmo Carlos, Universal Music 2002
“A arte de Erasmo Carlos”, Erasmo Carlos, Universal Music 2005
“A popularidade de Erasmo Carlos”, Erasmo Carlos, Universal Music 2008
“Perfil”, Gilberto Gil, Sigla 2005
“Grandes mestres da MPB – vol. 2”, Gilberto Gil, Warner Music 1997
“Raça humana”, Gilberto Gil, Warner Music
“Gilberto Gil – original album series (CD 2)’, Gilberto Gil, Warner Music 2012
“Les indispensables de Gilberto Gil”, Gilberto Gil, Warner Music 1989
“Albatroz”, Grupo Equale 1999
“Natiruts”, Natiruts , Zeropontodois Entretenimento 2015
Vem, morena
Luiz Gonzaga
Zé Dantas
BRWMB9900484
© BMG Music Publishing Brasil LTDA.
Ficha técnica da faixa:
voz e guitarra – Gilberto Gil
guitarra – Celso Fonseca
teclado – Gerson Santos
teclado – Jorjão Barreto
baixo – Rubens Sabino (Rubão)
guitarra solo – Liminha
baixo – Arthur Maia
bateria e percussão – Téo Lima
A raça humana
Gilberto Gil
A raça humana é
Uma semana
Do trabalho de Deus
A raça humana é a ferida acesa
Uma beleza, uma podridão
O fogo eterno e a morte
A morte e a ressurreição
A raça humana é
Uma semana
Do trabalho de Deus
A raça humana é o cristal de lágrima
Da lavra da solidão
Da mina, cujo mapa
Traz na palma da mão
A raça humana é
Uma semana
Do trabalho de Deus
A raça humana risca, rabisca, pinta
A tinta, a lápis, carvão ou giz
O rosto da saudade
Que traz do Gênesis
Dessa semana santa
Entre parênteses
Desse divino oásis
Da grande apoteose
Da perfeição divina
Na Grande Síntese
A raça humana é
Uma semana
Do trabalho de Deus
BRWMB9900485
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e guitarra – Gilberto Gil
efeitos de programação – Gerson Santos
teclado – Jorjão Barreto
baixo,guitarra, efeitos – Liminha
A música foi feita após uma estada de Gilberto Gil em Israel, durante a qual visitou os locais bíblicos como o túmulo de Jesus, a casa de Lázaro e outros. “O mote – ‘a raça humana é uma semana do trabalho de Deus’ – surgiu em Tel-Aviv”, reporta o autor. “Ao voltar, elaborei a letra toda. A canção é a emanação das sensações vividas por mim naqueles lugares”.
*
– Às vezes, ao final de uma frase melódica que requer uma palavra oxítona também pode se justapor uma proparoxítona; o cantar faz a acentuação recair tanto na antipenúltima quanto na última sílaba. É o que acontece em A Raça Humana no verso que termina com “gênesis”, proporcionando o fenômeno rímico com “giz”.
Gil: “Sem descaracterizar o acento gramatical e sem criar a sensação de problemas prosódicos. Porque, você quase não ouve o ‘sis’ da palavra, falada: a ênfase fica no ‘gê’; mas na música, você canta ‘gênesís’. Soa bem a incidência acentual nas duas sílabas. É a liberdade que só a música dá, de entoar diversamente.”
– Uma particularidade da poesia de música, porque esse tipo de rima só se efetua realmente, claramente, na melodia. E depois, mais abaixo, você ainda diz ‘parênteses’, rimando com ‘gênesis’ (e ‘giz’).
*
Gil: “Eu adorava essa expressão do Caetano Veloso, ‘ferida acesa’ [de Luz do Sol: “Marcha o homem sobre o chão/ Leva no coração uma ferida acesa”], e resolvi transpô-la, traduzi-la para o contexto de A Raça Humana. ‘Ferida acesa’: como se o pus fosse luz.”
– Luz e pus, beleza e podridão.
“A idéia é essa.”
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