Trinca de Ases
Gilberto Gil
Nos cartazes espalhados
Pelos muros da cidade
Três ases num jogo duro
Uma moça e dois rapazes
Um dos rapazes, maduro
Calejado pela idade
Joga o jogo mais seguro
Paciência e lealdade
O outro ainda menino
Impetuoso e viril
Mesmo quando jogando a mil
É jogo elegante e fino
A moça, que corre livre
Na defesa e no ataque
Faz a jogada de craque
Calma e precisa no drible
Ô, ô, ô
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
voz e violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
Dupla de Ás
Nando Reis
Quando eu vi uma vaca parada na praia
Pura estátua armada de sal e de leite
Quatro patas sobre a areia molhada
Vaca assim na praia qual água e azeite
Em duplo Às se juntam a vaca e a água
Mas não junta o copo, o sal e o leite
Couro sem coral deixa a praia estampada
Não há nada que nossos olhos não aceitem
Bela como a vaca é a água da praia
Sal se tira d’água, do leite a manteiga
Tão igual a vaca da água, na calma
Ruminando a papa estancada na areia
Quando vi na praia uma vaca parada
Era o animal, paisagem ou enfeite?
A mesma vogal nutre as duas palavras
O que alimenta o corpo é o sal e o leite
Junta ali o mar e a vaca, a praia
Coisa inaugural para o olho e a mente
Chão estranho abriga o bicho que pasta
O cinza da areia, ausência de verde
Quando vi parada na praia a vaca
Seus olhos mirando longínquo horizonte
Branca a espuma que a onda naufraga
Esse pensamento que veio de onde
© Infernal (Warner Chappell)
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
voz e violão – Nando Reis
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
bateria e percussão – Magno Brito
Palco
Gilberto Gil
Subo nesse palco
Minha alma cheira a talco
Como bumbum de bebê
De bebê
Minha aura clara
Só quem é clarividente pode ver
Pode ver
Trago a minha banda
Só quem sabe onde é Luanda
Saberá lhe dar valor
Dar valor
Vale quanto pesa
Pra quem preza o louco bumbum do tambor
Do tambor
Fogo eterno pra afugentar
O inferno pra outro lugar
Fogo eterno pra consumir
O inferno fora daqui
Venho para a festa
Sei que muitos têm na testa
O deus Sol como um sinal
Um sinal
Eu, como devoto
Trago um cesto de alegrias de quintal
De quintal
Há também um cântaro
Quem manda é a deusa Música
Pedindo pra deixar
Pra deixar
Derramar o bálsamo
Fazer o canto cântaro cantar
Lalaiá
Fogo eterno pra afugentar
O inferno pra outro lugar
Fogo eterno pra consumir
O inferno fora daqui
© Gege Edições / Preta Music (EUA & Canada)b
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
voz e violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
“Eu estava havia três dias pensando em parar de cantar; em deixar a seqüência profissional de discos e shows. Estava prestes a tomar essa decisão – e avisar todo mundo -, mas não por uma razão que tivesse a ver com cantar, que é a coisa que mais me encanta na vida. Minha sensação era de fastio; eu queria era um elemento que me trouxesse um novo ânimo. ‘Se eu vou parar mesmo’, pensei, ‘eu tenho que fazer uma declaração pública, e essa declaração tem de ser musical.’ Aí eu fiz Palco, uma canção que era na verdade pra não deixar dúvida a respeito de tudo o que cantar representa para mim, e a respeito da minha relação com a música – simbolizada de forma completa pelo estar no palco.”
De que fala Palco (“o primeiro afoxé forte”) – “De um espaço semi-sagrado; da sua função exorcizante, catártica, clínica – daí o refrão (na hora em que compus, eu me lembrava muito do pouco que sabia sobre as tragédias gregas, o palco grego, Dionísios).
“De um sacerdócio; da capacidade de administrar um ritual – o da música em funcionamento, cumprindo seus ditames; de como eu me vejo nesse papel, como eu fantasio a minha visão e como eu vejo essas fantasias do meu próprio olhar.
“Do aspecto transmutador da música para mim no palco: de como estar ali faz provavelmente desaparecer uma opacidade natural do caráter bruto das coisas comuns sem sabores especiais do cotidiano, e como o haver ali sabores especiais em tudo me dá um aspecto de transfiguração – daí a idéia de que ali se propicia que alguém veja minha aura.”
Compor e cantar – “Duas dimensões e dois retornos diferentes à alma. Compor é motivo de extraordinário, transcendental orgulho pela vida, o de fazer parte do universo da criação; cantar é motivo de vaidade. É muito envaidecedor estar num palco e produzir prazer instantaneamente para todos – uma afirmação anímica de vida da música através das energias dos corpos humanos ao vivo. No palco, além de diversão, a sensação é de doação, de benfeitoria do homem para o homem. Já o momento da composição é solitário, individual, e, ao se esgotar, daí por diante é como se a música partisse para o mundo, como um filho. Cantar é reabraçar os filhos, reuni-los de novo ao seu corpo, fazê-los parte do seu corpo.”
“Cântaro = cantar o” – “Quando eu digo ‘cantar o’, eu digo de novo ‘cântaro’. Mais do que rima, é recomposição: a palavra ‘cântaro’ é reconstituída, como se tivessem embutido ali o cântaro. Muitas pessoas não devem nem perceber o ‘cantar o’; na audição deve prevalecer ‘cântaro’ mesmo.”
All Star
Nando Reis
Estranho seria se eu não me apaixonasse por você
O sal viria doce para os novos lábios
Colombo procurou as Índias mas a Terra avisto em você
O som que eu ouço são as gírias do seu vocabulário
Estranho é gostar tanto do seu All Star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri, quando chego ali
E entro no elevador, aperto o 12, que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
Continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem, ficou pra hoje
Estranho, mas já me sinto como um velho amigo seu
Seu All star azul combina com o meu, preto, de cano alto
Se o homem já pisou na Lua, como ainda não tenho seu endereço
O tom que eu canto as minhas músicas na sua voz parece exato
Estranho é gostar tanto do seu All Star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri, quando chego ali
E entro no elevador, aperto o 12, que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
Continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem, ficou nas laranjeiras
Satisfeito sorri, quando chego ali
E entro no elevador, aperto o 12, que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem, ficou pra hoje, hoje, hoje
© Warner/Chappell Edições Musicais LTDA.
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
voz e violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
Espatódea
Nando Reis
Minha cor
Minha flor, minha cara
Quarta estrela
Letras três uma estrada
Não sei se o mundo é bom
Mas ele ficou melhor quando você chegou
E perguntou
Tem lugar pra mim?
Espatódea, gineceu
Cor de pólen
Sol do dia
Nuvem branca sem sardas
Não sei o quanto o mundo é bom
Mas ele está melhor deste que você chegou
E explicou
O mundo pra mim
Não sei se esse mundo está são
Mas pro mundo que eu vim já não era
Meu mundo não teria razão
Se não fosse a Zoé
Oh oh oh
Espatódea, gineceu
Cor de pólen
Sol do dia
Nuvem branca sem sardas
Não sei quanto o mundo é bom
Mas ele está melhor deste que você chegou
E explicou
O mundo pra mim
Não sei se esse mundo está são
Mas pro mundo que eu vim já não era
Meu mundo não teria razão
Se não fosse a Zoé
© Infernal (Warner Chappell)
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
voz e violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
O Seu Lado de Cá
Nando Reis
Na minha frente eu vejo o mar
Na frente do mar está a ilha
(Ter é como dar)
Lá onde nasce o dia
Lá onde cresce o mar
Longe o mundo, a ilha
Pelo seu lado de cá
Pelo seu lábio de maré
Deixa o seu nome chamar
Até ter fim ouvindo
Ter é como dar
© Warner/Chappell Edições Musicais LTDA.
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
voz e violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
Esotérico
Gilberto Gil
Não adianta nem me abandonar
Porque mistério sempre há de pintar por aí
Pessoas até muito mais vão lhe amar
Até muito mais difíceis que eu pra você
Que eu, que dois, que dez, que dez milhões
Todos iguais
Até que nem tanto esotérico assim
Se eu sou algo incompreensível
Meu Deus é mais
Mistério sempre há de pintar por aí
Não adianta nem me abandonar
Nem ficar tão apaixonada, que nada!
Que não sabe nadar
Que morre afogada por mim
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
voz e violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
Outras gravações:
“Gal”, Gal Costa, Polygram
“Songbook Gilberto Gil”, Kid Abelha, Lumiar
“Pura filosofia”, Maria Bethânia e Gal Costa, Som Livre
“Luau”, Rafael Greyck, Albatroz
“Alexandra Scotti canta Gal Costa”, Alexandra Scotti, Alexandra Scotti 2015
“Serie sem limite cd 2”, Bethania, Gal, Caetano, Gil , Universal Music 2001
“Dois amigos, um século de música”, Caetano Veloso & Gilberto Gil , Sony Music 2015
“Doces bárbaros “, Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e Maria Bethânia, Universal Music 1976
“MPB – os melhores da MPB”, Doces Bárbaros, Som Livre 2011
“Gal “, Gal Costa, Polygram 1994
“Gal Costa 40 anos”, Universal Music 2005
“Caetano Veloso e Gal costa – domingo – jewel case, Gal Costa, Maria Bethânia, Gilberto Gil e Caetano Veloso, Universal Music 2010
“Bandadois”, Gilberto Gil, Gege Produções Artísticas 2009
“Caixa a conspiração de Gilberto Gil – CD Bandadois”, Gilberto Gil 2010
“A gente precisa ver o luar”, Gilberto Gil, Lumiar 1990
“Luar”, Gilberto Gil, Polygram 1998
“Serie melhor de dois”, Gilberto Gil, Universal Music 2000
“Um banda um”, Gilberto Gil, Warner Music
“Acoustic”, Gilberto Gil, Warner Music 2002
“Gilberto Gil no palco – nova série”, Gilberto Gil, Warner Music 2007
“E-collection disco 1”, Gilberto Gil, Warner Music 2000
“Acustico”, Gilberto Gil, Warner Music 2001
“Vida”, Gilberto Gil, Warner Music 1984
“Unplugged”, Gilberto Gil, Warner Music 2002
“Projeto especial MPB – O Boticario”, Gilberto Gil, Warner Music 2001
“Le troubadour du Brésil”, Gilberto Gil, Warner Music 1997
“20 grandes sucessos de Gilberto Gil”, Gilberto Gil, Caetano, Gal, Bethania, Polygram Music 1998
“Barato total – elas cantam Gilberto Gil”, KID Abelha, Som Livre 2008
“Songbook Gilberto Gil 2”, Kid Abelha, Lumiar 1992
“Warner 30 anos”, Kid Abelha, Warner Music 2006
“Para Gil e Caetano”, Margareth Menezes, Canal Brazil 2014
“Millennium”, Maria Bethânia com Gal, Caetano e Gil, Universal Music 2004
“Pura filosofia”, Maria Bethania e Gal Costa, Som livre 2000
“Maria Bethânia – raridades anos 60 e 70”, Maria Bethânia e Gal Costa, Universal Music 2011
“Outros bárbaros”, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Biscoito Fino 2003
“Doces Barbaros 2 – caixa Caetano Veloso”, Maria Bethânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Universal Music 1999
“Orlando Moraes – 07 vidas – caras”, Orlando Moraes 2012
“A vida da gente”, Paula Toller, Som Livre 2011
“Luau”, Rafael Greick, Bossa58 2006
“CD Roberta Brasil”, Roberta Brasil, Roberta brasileiro Henriques 2013
“Piano bar (nacional cd 2)”, Rodrigo Braga, Música fabril estúdios 2011
“Pra que servem os cataventos”, Vício primavera, Michel Nogueira Alves Da
Cores vivas
Gilberto Gil
Tomar pé
Na maré desse verão
Esperar
Pelo entardecer
Mergulhar
Na profunda sensação
De gozar
Desse bom viver
Bom viver
Graças ao calor do sol
Benfeitor
Dessa região
Natural
Da jangada, do coqueiral
Do pescador
De cor azul
Bela visão
Cartão postal
Sabor do mel, vigor do sal
Cores da pena de pavão
Cenas de uma vibração total
Cores vivas
Eu penso em nós
Pobres mortais
Quantos verões
Verão nossos
Olhares fãs
Fãs desses céus
Tão azuis
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
voz e violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
Outras gravações:
“Movimento, luz e cor”, Elisa Queiroga
“Projeto especia lradio Musical”, FM/SP 1995
“Elisa Queiroga”, Movimento, luz e cor, AQB Music 2003
“Colar de pérolas”, Emerson Uray, José Emerson Oliveira Silva 2008
“Grandes mestres da MPB – vol 2”, Gilberto Gil, Warner Music 1997
“Em concerto”, Gilberto Gil, Warner Music 2002
“Luar”, Gilberto Gil, Warner Music
“Mestres da MPB”, Gilberto Gil, Warner Music 1992
“Les indispensables de Gilberto Gil”, Gilberto Gil, Warner Music 1989
“Lua brasileira”, Grupo Nimphas, Gramophone 1995
“O poeta e o esfomeado”, Jorge Mautner e Gilberto Gil, Discobertas 2014
“Cores vivas”, Vanessa Moreno e Fi Maróstica, Tratore Distribuição 2015
Água-Viva
Nando Reis
Não estamos sós
Só sempre sozinhos
Ser é sempre um só
Somos se sentimos
Água mata a sede
Feltro, asfalto liquido
Vidro sobre peixe
Chão, inverso piso
Ilumina esmo
Breu do infinito
Rio sem margem e peso
Mar, o lar
Do pingo
Não estamos sós
Somente sozinhos
Ser é sempre um só (sempre um só ê, oh)
Somos e sentimos
Água-viva queima
Vento invisível
Perto, corre lenta
Beira sem perímetro
Liso, reto, crespo
Áspero ladrilho
Quieto azulejo
Barco do ar, profundo
Não estamos sós (não, não estamos não)
Só sempre sozinhos (sozinhos somos)
Ser é ser um só (é ser um só)
Somos o que sentimos (sentimos)
Somos o que sentimos
Somos tudo que sentimos
Somos o que sentimos
© Infernal (Warner Chappell)
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
voz e violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
Retiros espirituais
Gilberto Gil
Nos meu retiros espirituais
Descubro certas coisas tão normais
Como estar defronte de uma coisa e ficar
Horas a fio com ela
Bárbara, bela, tela de TV
Você há de achar gozado
Barbarela dita assim dessa maneira
Brincadeira sem nexo
Que gente maluca gosta de fazer
Eu diria mais, tudo não passa
Dos espirituais sinais iniciais desta canção
Retirar tudo o que eu disse
Reticenciar que eu juro
Censurar ninguém se atreve
É tão bom sonhar contigo, ó
Luar tão cândido
Nos meus retiros espirituais
Descubro certas coisas anormais
Como alguns instantes vacilantes e só
Só com você e comigo
Pouco faltando, devendo chegar
Um momento novo
Vento devastando como um sonho
Sobre a destruição de tudo
Que gente maluca gosta de sonhar
Eu diria, sonhar com você jaz
Nos espirituais sinais iniciais desta canção
Retirar tudo que eu disse
Reticenciar que eu juro
Censurar ninguém se atreve
É tão bom sonhar contigo, ó
Luar tão cândido
Nos meus retiros espirituais
Descubro certas coisas tão banais
Como ter problemas ser o mesmo que não
Resolver tê-los é ter
Resolver ignorá-los é ter
Você há de achar gozado
Ter que resolver de ambos os lados
De minha equação
Que gente maluca tem que resolver
Eu diria, o problema se reduz
Aos espirituais sinais iniciais desta canção
Retirar tudo que eu disse
Reticenciar que eu juro
Censurar ninguém se atreve
É tão bom sonhar contigo, ó
Luar tão cândido
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
voz e violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
“Retiros Espirituais lança um olhar singelo, simplório, sobre a questão filosófica do ser e não ser; sobre o paradoxo do princípio da incerteza, do que é e não é. É uma das minhas músicas sobre o wu wei, a ação-não-ação, a idéia de superação e alcance do ser, onde tudo é; sobre o fato de que o pensamento consciente, sob a égide da volição, ainda é o que se chamaria o estágio zen, o satori, o samadhi, o sat ananda indiano, onde arqueiro, arco e alvo se confundem e sujeito, ato e objeto são uma só coisa.
“Talvez seja a minha obra-prima nesse sentido, porque a mais engenhosa do ponto de vista poemático; uma letra que transcende ao aspecto comum da letra de música, na verdade um poema musicado. No trato da sua criação, os versos não serviram apenas para preencher os vazios das caixas das frases sonoras. Quando eu sentei para escrever, eu já escrevi com o sentimento do poema, como se já houvesse algo sendo dito e o frasear fosse apenas uma explicação do que estava sendo dito. Como uma nuvem que fosse um poema cujos versos fossem a chuva: a chuva é depois da nuvem, dissolução em gotas, fragmentação do ‘denso-condenso’ que é a nuvem: assim eram os versos em relação ao poema e vice-versa.
“Eu estava sozinho na sala de jantar, uma hora da manhã, a família já recolhida, tendo ido dormir, após uma daquelas noites que eu tinha passado com todos sentado defronte a televisão vendo o jornal e a novela, e quis buscar e revelar através da escrita, numa espécie de poema-espírito, poema-situação, o que era estar ali diante do mistério da solidão, na meditação, no compartilhar do silêncio que substituía o ruído da vida, da casa, na madrugada, com a sua capacidade de assepcia, de filtragem do que tinha sido o dia. E a canção foi sendo feita, letra e música juntas.
“É uma das músicas minhas que mais prezo, por ser das primeiras que dão uma radiografia da minha subjetividade e visceralidade interior, álmica. E é dividida em três partes para apresentar o movimento de tese-antítese-síntese de que gosto muito.”
Copo vazio
Gilberto Gil
É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar
É sempre bom lembrar
Que o ar sombrio de um rosto
Está cheio de um ar vazio
Vazio daquilo que no ar do copo
Ocupa um lugar
É sempre bom lembrar
Guardar de cor
Que o ar vazio de um rosto sombrio
Está cheio de dor
É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar
Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho
Que o vinho busca ocupar o lugar da dor
Que a dor ocupa a metade da verdade
A verdadeira natureza interior
Uma metade cheia, uma metade vazia
Uma metade tristeza, uma metade alegria
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor
É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
voz e violão – Gilberto Gil
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
Outras gravações:
“Dez canções”, Adriana Maciel
“Lisboa-Rio”, Antonio Chainho, Movieplay
“Sinal fechado”, Chico Buarque, Universal Music
“As raras e assinadas”, Zizi Possi, Polygram Music
“A musica de Gilberto Gil”, Chico Buarque, Fontana/Polygram 1977
“Coleção Chico Buarque”, Chico Buarque, Sony Music 2010
“Historia da MPB”, Gilberto Gil, Abril Cultural 1982
“O rancho do novo dia”, Gilberto Gil, Philips 1981
“Ao vivo”, Gilberto Gil, Polygram Music 1998
“Giluminoso”, Gilberto Gil, Biscoito Fino 2006
“A arte de Gilberto Gil’, Gilberto Gil, Universal Music 2005
“Série gold”, Gilberto Gil, Universal Music 2002
“Ao vivo”, Gilberto Gil, Universal Music 2000
“O seu amor”, Gilberto Gil, Universal Music 2004
“Lugar comum”, Gilberto Gil, Universal Music 2008
“Rio Eu Te Amo – t.s”, Sony Music, Gilberto Gil e Chico Buarque 2014
“Gil na delas”, Zizi Possi, BMG 2005
“As raras e assinadas”, Zizi Possi, Polygram 1995
“T.s vidas em jogo”, Zizi possi, Record 2011
“Songbook Gilberto Gil – vol 3”, Zizi Possi e Helio Delmiro 2015
“Chico Buarque estava sendo hipercensurado naquele momento, e quis responder a isso fazendo um disco só com músicas de colegas. Por isso pediu a Paulinho da Viola, a Caetano, a mim e a outros que compusessem para ele.
“Eu estava em casa, sentado no sofá, já de madrugada. Tinha tomado um copo de vinho no jantar, e o copo tinha ficado na mesa. Pensando no que é que eu ia fazer pro Chico, eu de repente vi o copo vazio e concentrei o olhar nele para dali extrair emanações de imagens e significados, a princípio como se para nada obter, mas logo constatando: ‘O copo está vazio, mas tem ar dentro’. Disso me vieram idéias acerca das camadas de solidificação e rarefação que vão se sucedendo nas coisas – e disso, a música.
“A letra faz uma viagem ao mundo das coisas sutis, transcendentes, mas suas primeiras frases são muito significativas em termos do que estava acontecendo: regime de exceção, censura, o Chico privado de sua liberdade artística plena etc. Embora não fosse essa a intenção principal, as dificuldades da situação contingencial estavam necessariamente metaforizadas, e qualquer crítica à canção em termos de fuga da realidade esbarraria no fato de que, ao contrário, a letra parte da realidade e não foge dela; foge com ela, se for o caso…”
Meu amigo, meu herói
Gilberto Gil
Ó, meu amigo, meu herói
Ó, como dói
Saber que a ti também corrói
A dor da solidão
Ó, meu amado, minha luz
Descansa a tua mão cansada sobre a minha
Sobre a minha mão
A força do universo não te deixará
O lume das estrelas te alumiará
Na casa do meu coração pequeno
No quarto do meu coração menino
No canto do meu coração espero
Agasalhar-te a ilusão
Ó, meu amigo, meu herói
Ó, como dói
Ó, como dói
Ó, como dói
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
violão – Gilberto Gil
vocal – Gal Costa
Outras gravações:
“MPB colelction/Gilberto Gil”, Arthur Moreira Lima, Sony Music 2000
“Letras Brasileiras ao vivo”, Oswaldo Montenegro, Albatroz 2005
“Canto uma canção bonita”, Oswaldo Montenegro, Albatroz 2005
“Entre amigos”, Rosa Maria, Discobertas 2011
“Personalidade”, Zizi Possi, Índigo Brasil Empreendimentos Culturais 2011
“Vip collection”, Zizi Possi, MZA 2007
“O compositor e o interprete”, Zizi Possi, Philips 1981
“Os sucessos”, Zizi Possi, Polygram Music 1995
“Proj. especial Farmais”, Zizi Possi, Polygram Music 1998
“20 obras primas”, Zizi Possi, Polygram Music 1996
“Proj.especial Natura”, Zizi Possi, Polygram Music 1996
“On the road again-antologia”, Zizi Possi, Polygram Music 1994
“Personalidade”, Zizi Possi, Polygram Music 1991
“Minha historia”, Zizi Possi, Polygram Music 1993
“Proj. Esp. Pretolite”, Zizi Possi, Polygram Music 1998
“Muito romântico”, Zizi Possi, Universal Music 2008
“Zizi Possi”, Zizi Possi, Universal Music 2002
“A música de Gilberto Gil”, Zizi Possi, Universal Music 2003
“O meu amor”, Zizi Possi, Universal Music 2004
“Millennium”, Zizi Possi, Universal Music 2004
“Serie sem limite – CD 2”, Zizi Possi, Universal Music 2001
“Serie melhor de dois”, Zizi Possi, Universal Music 2000
“Gilberto Gil – 2 lados”, Zizi Possi, Universal Music 2010
Relicário
Nando Reis
É uma índia com colar
A tarde linda que não quer se pôr
Dançam as ilhas sobre o mar
Sua cartilha tem o A de que cor?
O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou
E são dois cílios em pleno ar
Atrás do filho vem o pai e o avô
Como um gatilho sem disparar
Que invade mais um lugar
Onde eu não vou
O que você está fazendo?
Milhões de vasos, nenhuma flor
Oh uô uô, o que você está fazendo?
Um relicário imenso deste amor
Corre a lua porque longe vai?
Sobe o dia tão vertical
O horizonte anuncia com o seu vitral
Que eu trocaria a eternidade por esta noite
Porque está amanhecendo?
Peço o contrario, ver o sol se pôr oh uô uô uô
Porque está amanhecendo?
Se não vou beijar seus lábios quando você se for
Quem nesse mundo faz o que há durar
Pura semente dura o futuro amor
Eu sou a chuva pra você secar
Pelo zunido das suas asas você me falou
E o que você está dizendo?
Milhões de frases, nenhuma cor, ôô
O que você está dizendo? Uh huh
Um relicário imenso deste amor
O que você está dizendo?
O que você está fazendo?
Por que que está fazendo assim?
Está fazendo assim?
Está fazendo assim?
Está fazendo assim?
© Warner/Chappell Edições Musicais LTDA.
Ficha técnica da faixa:
vocal – Gal Costa
voz e violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
baixo – Magno Brito
Pérola Negra
Luis Melodia
Tente passar pelo que estou passando
Tente apagar este teu novo engano
Tente me amar pois estou te amando
Baby, te amo, nem sei se te amo
Tente usar a roupa que estou usando
Tente esquecer em que ano estamos
Arranje algum sangue, escreva num pano
Pérola negra, te amo, te amo
Baby, te amo, bem sei se te amo
Rasgue a camisa, enxugue meu pranto
Como prova de amor mostre teu novo canto
Escreva num quadro em palavras gigantes
Pérola Negra, te amo, nem sei se te amo
Tente entender tudo mais sobre o sexo ehh
Peça meu livro querendo eu te empresto uhh
Se inteire da coisa sem haver engano
Baby, te amo, nem sei se te amo
Pérola negra, te amo, te amo
Baby, te amo, nem sei se te amo
Pérola Negra, te amo, te amo
Pérola Negra, te amo, nem sei se te amo
Baby te amo, nem sei se te amo
Baby te amo, nem sei se te amo
© Warner/Chappell Edições Musicais LTDA.
Ficha técnica da faixa:
violão – Gilberto Gil
violão – Nando Reis
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
Refavela
Gilberto Gil
Iaiá, kiriê, kiriê, iaiá
A refavela
Revela aquela
Que desce o morro e vem transar
O ambiente
Efervescente
De uma cidade a cintilar
A refavela
Revela o salto
Que o preto pobre tenta dar
Quando se arranca
Do seu barraco
Prum bloco do BNH
A refavela, a refavela, ó
Como é tão bela, como é tão bela, ó
A refavela
Revela a escola
De samba paradoxal
Brasileirinho
Pelo sotaque
Mas de língua internacional
A refavela
Revela o passo
Com que caminha a geração
Do black jovem
Do black-Rio
Da nova dança no salão
Iaiá, kiriê, kiriê, iáiá
A refavela
Revela o choque
Entre a favela-inferno e o céu
Baby-blue-rock
Sobre a cabeça
De um povo-chocolate-e-mel
A refavela
Revela o sonho
De minha alma, meu coração
De minha gente
Minha semente
Preta Maria, Zé, João
A refavela, a refavela, ó
Como é tão bela, como é tão bela, ó
A refavela
Alegoria
Elegia, alegria e dor
Rico brinquedo
De samba-enredo
Sobre medo, segredo e amor
A refavela
Batuque puro
Ficha técnica da faixa:
violão – Gilberto Gil
violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
“Em 77, eu fui participar do Festac, festival de arte e cultura negra, em Lagos, na Nigéria, onde reencontrei uma paisagem sub-urbana do tipo dos conjuntos habitacionais surgidos no Brasil a partir dos anos 50, quando Carlos Lacerda fez em Salvador a Vila Kennedy, tirando muitas pessoas das favelas e colocando-as em locais que, em tese, deveriam recuperar uma dignidade de habitação, mas que, por várias razões, acabaram se transformando em novas favelas.
“Para abrigar os 50 mil negros do mundo inteiro que para lá acorreram, tinha sido construída uma espécie de vila olímpica com pequenas casas feitas com material barato e um precário abastecimento de água e luz, que reavivou em mim a imagem física do grande conjunto habitacional pobre. Refavela foi estimulada por este reencontro, de cujas visões nasceu também a própria palavra, embora já houvesse o compromisso conceitual com o re para prefixar o título do novo trabalho, de motivação urbana, em contraposição a Refazenda, o anterior, de inspiração rural.
“A esses fatores se somaram outros, locais: a mobilidade, por vezes difícil, outras vezes facilitada, dos negros cariocas na relação morro-asfalto e o movimento da juventude black-Rio, que se instalava propondo novos estilos de participação na questão da negritude no Brasil e no mundo, com mais atividade cultural e absorção de elementos do discurso e da luta negra da América e da África.
“A dificuldade com que a história tem-se defrontado para proporcionar o verdadeiro resgate da cultura e da natureza dos negros, exatamente pela manutenção reiterada da sua condição paupérrima; a coisa da ‘miséria roupa de cetim’, da ‘Belíngia’ (Bélgica/Índia), esse binômio de disparidades – Refavela é sobre isso. A informação forte da música está nas duas primeiras estrofes; perto delas, o resto é ornamento.”
*
“Preta Maria, Zé, João” – “‘Preta Maria’: Preta Maria e Maria, as minhas filhas e da Sandra (Preta é de 74, Maria, de 76; era pequenininha na época). A música ‘antevê’ José, meu filho, que nasceria em 91, e João, meu neto, em 90; ‘Zé, João’: brasileiros.”
Ela
Gilberto Gil
Ela
Eu vivo o tempo todo com ela
Ela
Eu vivo o tempo todo pra ela
Minha música
Musa única, mulher
Mãe dos meus filhos, ilhas de amor
Cada ilha, um farol
No mar da procela, ela
Ela
Ela que me faz um navegador
Sobretudo ela
Ela que me faz um navegador
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
violão – Gilberto Gil
violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
Outras gravações:
“Ela e ele e eu”, Cacala Carvalho
“Morena Bossa Nova”, Clara Moreno, YBrazil
“O rancho do novo dia”, Gilberto Gil, Philips 1981
“16 super sucessos brasileiros”, Gilberto Gil 1975
“Zoombido 3 – flores cristalinas”, Gilberto Gil, Biscoito Fino 2011
“Trilha sonora do filme a partilha”, Gilberto Gil, Universal Music 2001
“Musica para dançar/DJ Ze Pedro”, Gilberto Gil, Unlimited Music 2002
“Ao vivo”, Gilberto Gil, Warner Music 1993
“Refazenda”, Gilberto Gil, Warner Music
1994
“Vida”, Gilberto Gil, Warner Music 1984
“Nightingale”, Gilberto Gil, Warner Music 2002
“1975 – 1997 bossa, samba & pop”, Gilberto Gil, Warner Music 2012
“Festival de Montreux – 50 anos”, Gilberto Gil, Warner Music 2017
“Le troubadour du Brésil”, Gilberto Gil, Warner Music 1997
“Ao vivo”, Gilberto Gil, Warner Music 1978
“O essencial dos originais do samba – serie focos”, Os originais do samba, BMG 1999
“Asa branca blues”, Oswaldinho do acordeon, Kuarup 2014
Tocarte
Gilberto Gil
Nando Reis
Tocar-te assim
Como se toca música
Tangendo as cordas
Dedilhando as teclas
Metendo as mãos na pele do tambor
Tocar-te assim
Como se toca samba
A perna bamba
O pulso no compasso
E aquele abraço pra trazer calor
Tocar-te
No rosto, no nariz, no lábio
Com algum ressábio
Tocar-te no ventre
Que aí, já terei ido mais a frente
Talvez seja forçado a recuar
Tocar-te na perna
No braço, no seio
Com algum receio
Tocar-te no meio
Que aí, já foi tão longe o devaneio
Que o melhor talvez seja parar
Tocarte
A arte de tocar-te a partitura
Na altura que o amor possa alcançar
Tocarte
A arte de tocar-te o instrumento
Juntar num só momento o nosso par
Meu sentimento
E o teu consentimento
Meu querer
E o que queres me dar
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
violão – Gilberto Gil
violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
Dois Rios
Nando Reis/ Lô Borges / Samuel Rosa
O céu está no chão
O céu não cai do alto
É o claro, é a escuridão
O céu que toca o chão
E o céu que vai no alto
Dois lados deram as mãos
Como eu fiz também
Só pra poder conhecer
O que a voz da vida vem dizer
Que os braços sentem
E os olhos veem
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção
O sol é o pé e a mão
O sol é a mãe e o pai
Dissolve a escuridão
O sol se põe, se vai
E após se pôr
O sol renasce no Japão
Eu vi também
Só pra poder entender
Na voz a vida ouvi dizer
Que os braços sentem
E os olhos veem
E os lábios beijam
Dois rios inteiros
Sem direção
E o meu lugar é esse
Ao lado seu, meu corpo inteiro
Dou o meu lugar, pois o seu lugar
É o meu amor primeiro
O dia e a noite, as quatro estações
Que os braços sentem
E os olhos veem
E os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção
O céu está no chão
O céu não cai do alto
É o claro, é a escuridão
O céu que toca o chão
E o céu que vai no alto
Dois lados deram as mãos
Como eu fiz também
Só pra poder conhecer
Tudo que a voz da vida vem dizer
Que os braços sentem
Ficha técnica da faixa:
violão – Gilberto Gil
voz – Gal Costa
violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
baixo – Magno Brito
Lately/Nada Mais (lately)
Stevie Wonder / Vs. Ronaldo Bastos
Sinto quando alguém te interessa
Mesmo quando finges que não vês
Se desapareces numa festa, eu já sei
Não te quero ouvir falar do tempo
Se eu só pergunto onde vais
Mas se quiser saber se voltas logo
You don’t know, nada mais
Vão dizer que são tolices
Que podemos ser felizes
Mas tudo que eu sei
Não dá pra disfarçar
Dessa vez doeu demais
Amanhã será jamais
Onde a gente vai tem uns amigos
Que você precisa visitar
Se não sou feliz, são só ciúmes
Nada mais
Mais de uma vez flagrei seus lábios
Na intenção do nome de outro alguém
Mas se quiser saber o que eles calam
Você diz, tudo bem
Vão dizer que são tolices
Que podemos ser felizes
Mas tudo que eu sei
Não dá pra disfarçar
Dessa vez doeu demais
Amanhã será jamais, jamais
Oh, vão dizer que são tolices
Que podemos ser felizes
Mas tudo que eu sei
Não dá pra disfarçar
Dessa vez doeu demais
Amanhã será jamais
© Jobete Music / Black Bull (EMI)
Ficha técnica da faixa:
violão – Gilberto Gil
voz – Gal Costa
voz e violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
baixo – Magno Brito
Por Onde Andei
Nando Reis
Desculpe
Estou um pouco atrasado
Mas espero que ainda dê tempo
De dizer que andei errado
E eu entendo
As suas queixas tão justificáveis
E a falta que eu fiz nessa semana
Coisas que pareceriam óbvias
Até pra uma criança
Por onde andei
Enquanto você me procurava?
Será que eu sei
Que você é mesmo
Tudo aquilo que me faltava?
Amor, eu sinto a sua falta
E a falta é a morte da esperança
Como um dia que roubaram o seu carro
Deixou uma lembrança
Que a vida é mesmo
Coisa muito frágil
Uma bobagem
Uma irrelevância
Diante da eternidade
Do amor de quem se ama
Por onde andei
Enquanto você me procurava?
E o que eu te dei?
Foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei?
Algumas roupas penduradas
Será que eu sei
Que você é mesmo
Tudo aquilo que me faltava?
Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
Uh! Uh! Uh!
Ah! Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
Uh! Uh! Uh!
Amor, eu sinto a sua falta
E a falta é a morte da esperança
Como um dia que roubaram o seu carro
Deixou uma lembrança
Que a vida é mesmo
Coisa muito frágil
Uma bobagem
Uma irrelevância
Diante da eternidade
Do amor de quem se ama
Por onde andei
Enquanto você me procurava?
E o que eu te dei?
Foi muito pouco ou quase nada
E o que eu deixei?
Ficha técnica da faixa:
violão – Gilberto Gil
violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
Nos barracos da cidade (Barracos)
Gilberto Gil
Liminha
Nos barracos da cidade
Ninguém mais tem ilusão
No poder da autoridade
De tomar a decisão
E o poder da autoridade
Se pode, não fez questão
Se faz questão, não consegue
Enfrentar o tubarão
Ô-ô-ô, ô-ô
Gente estúpida
Ô-ô-ô, ô-ô
Gente hipócrita
O governador promete
Mas o sistema diz não
Os lucros são muito grandes
Mas ninguém quer abrir mão
Mesmo uma pequena parte
Já seria a solução
Mas a usura dessa gente
Já virou um aleijão
Ô-ô-ô, ô-ô
Gente estúpida
Ô-ô-ô, ô-ô
Gente hipócrita
© Gege Edições Musicais / © Super Produções Artísticas LTDA. (adm. por Warner/Chappell Edições Musicais LTDA.)
Ficha técnica da faixa:
violão – Gilberto Gil
violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
Outras gravações:
“A voz do bandolim”, Armandinho, Vison 2001
“Banda Bate Lata”, Circo-eldorado 1999
“Projeto axé”, Bandaxé, Centro Projeto Axé De Defesa Da Criança 2006
“Cidade Negra”, Sony 1998
“Quanto mais curtido melhor”, Cidade Negra, Sony 2000
“Maxximum”, Cidade Negra, Sony Music 2005
“Kaya n’ gan daya ao vivo”, Gilberto Gil, Som Livre 2003
“Grandes mestres da MPB – vol. 2”, Gilberto Gil, Warner Music 1997
“Projeto especial Jornal Folha”, Gilberto Gil, Warner Music 2002
“E-collection”, Gilberto Gil, Warner Music 2004
“Gilberto Gil no palco – nova série”, Gilberto Gil, Warner Music 2007
“Ao vivo em Toquio”, Gilberto Gil, Warner Music 2002
“Bandadois”, Gilberto Gil, Warner Music 2010
“Banda Um”, Gilberto Gil, Warner Music 1994
“Mestres da MPB”, Gilberto Gil, Warner Music 1992
“Dia dorim noite neon”, Gilberto Gil, Warner Music 1985
“Sem limite – um barzinho, um violão”, Kid Abelha, Universal Music 2007
“A música de Gilberto Gil”, Gilberto Gil, Universal Music 2002
“Um barzinho, um violão”, Kid Abelha, Universal Music 2002
O Segundo Sol
Nando Reis
Quando o segundo sol chegar
Para realinhar as órbitas dos planetas
Derrubando com assombro exemplar
O que os astrônomos diriam
Se tratar de um outro cometa
Quando o segundo sol chegar
Para realinhar as órbitas dos planetas
Derrubando com assombro exemplar
O que os astrônomos diriam
Se tratar de um outro cometa
Não digo que não me surpreendi
Antes que eu visse você disse
E eu não pude acreditar
Mas você pode ter certeza
De que seu telefone irá tocar
Em sua nova casa
Que abriga agora a trilha
Incluída nessa minha conversão
Eu só queria te contar
Que eu fui lá fora
E vi dois sóis num dia
E a vida que ardia sem explicação
Quando o segundo sol chegar
Para realinhar as órbitas dos planetas
Derrubando com assombro exemplar
O que os astrônomos diriam
Se tratar de um outro cometa
Não digo que não me surpreendi
Antes que eu visse, você disse
E eu não pude acreditar
Mas você pode ter certeza
De que seu telefone irá tocar
Em sua nova casa
Que abriga agora a trilha
Incluída nessa minha conversão
Eu só queria te contar
Que eu fui lá fora
E vi dois sóis num dia
E a vida que ardia sem explicação
Seu telefone irá tocar
Em sua nova casa
Que abriga agora a trilha
Incluída nessa minha conversão
Eu só queria te contar
Que eu fui lá fora
E vi dois sóis num dia
E a vida que ardia sem explicação
Explicação, não tem explicação
Explicação, não
Não tem explicação
Ficha técnica da faixa:
violão – Gilberto Gil
voz – Gal Costa
voz e violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
baixo – Magno Brito
Luar (A gente precisa ver o luar)
Gilberto Gil
O luar
Do luar não há mais nada a dizer
A não ser
Que a gente precisa ver o luar
Que a gente precisa ver para crer
Diz o dito popular
Uma vez que é feito só para ser visto
Se a gente não vê, não há
Se a noite inventa a escuridão
A luz inventa o luar
O olho da vida inventa a visão
Doce clarão sobre o mar
Já que existe lua
Vai-se para rua ver
Crer e testemunhar
O luar
Do luar só interessa saber
Onde está
Que a gente precisa ver o luar
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
violão – Gilberto Gil
violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
Outras gravações:
“A musica de Gilberto Gil”, TCPA/TOP 2007
“Maxximum”, Gilberto Gil, Sony 2005
“Seven music”, Andre Agra 2000
“Banda larga ao vivo em São Paulo”, Gilberto Gil, Gege Produções Artísticas 2008
“Luar”, Gilberto Gil, Polygram 1998
“Lugar comum”, Gilberto Gil, Warner Music 1981
“Re”, Gilberto Gil, Warner Music 1984
“Nova série”, Gilberto Gil, Warner Music 2007
“A gente precisa ver o luar”, Gilberto Gil, Gilberto Gil 1990
“Baila com vinhas”, Luiz Carlos Vinhas, Polygram 1982
“Antecipado”, Monica Araujo 1996
“Lua branca”, Monica Araujo, Paradoxx 1997
“Projeto esp.radio musical FM/SP, Warner Music 1995
“Súditos do reggae”, Zan Brasidisc 2003
Barato total
Gilberto Gil
Lá, lalalalalalalá
Lá, lalalalalalalá
Quando a gente tá contente
Tanto faz o quente
Tanto faz o frio
Tanto faz
Que eu me esqueça do meu compromisso
Com isso e aquilo que aconteceu dez minutos atrás
Dez minutos atrás de uma idéia já dão
Pra uma teia de aranha crescer
E prender
Sua vida na cadeia do pensamento
Que de um momento pro outro começa a doer
Lá, lalalalalalalá
Lá, lalalalalalalá
Quando a gente tá contente
Gente é gente, gato é gato
Barata pode ser um barato total
Tudo que você disser deve fazer bem
Nada que você comer deve fazer mal
Quando a gente tá contente
Nem pensar que tá contente
Nem pensar que tá contente a gente quer
Nem pensar a gente quer
A gente quer, a gente quer
A gente quer é viver
Lá, lalalalalalalá
Lá, lalalalalalalá
© Gege Edições Musicais
Ficha técnica da faixa:
violão – Gilberto Gil
violão – Nando Reis
bateria e percussão – Kainã do Jeje
Vocais – Gilberto Gil, Nando Reis e Gal Costa
baixo – Magno Brito
Outras gravações:
“Acústico MTV”, Gal Costa, BMG
“Cantar”, Gal Costa, Polygram
“Millennium “, Zélia Duncan, Universal Music, 2005
“Sobre todas as coisas”, Zizi Possi, Eldorado
“Barato total – elas cantam Gilberto Gil”, Gal Costa, Som Livre 2008
“Boogie Oogie – nacional – t.s.”, Gal Costa, Som Livre 2014
“O cordão da liberdade”, Gal Costa, Philips 1981
“Cantar”, Gal Costa, Polygram 1982
“A arte de Gal Costa”, Gal Costa, Polygram 1988
“MTV”, Gal Costa, Sony BMG 2006
“Caipirinha – the best of pure Brazil II”, Gal Costa, Universal Music 2005
“Sem limite III – samba rock – cd 2”, Gal Costa, Universal Music 2001
“Recanto ao vivo”, Gal costa, Universal Music 2012
“Domingo – Caetano Veloso e Gal Costa”, Gal Costa, Universal Music 2010
“Meu tio matou um cara”, Gal Costa e Nação Zumbi, Natasha 2004
“Camerati”, Grupo Arire 1997
“CD Natalia Adami”, Natalia Adami, LGK Music Produções Artísticas 2013
“Batucada dez vinte e Ding Dong”, Vinicius Geribello, Amazônia Comunicação e Marketing 2009
“Millennium 2005”, Zélia Duncan, Universal Music 2005
“Intimidade – primeiros álbuns originais”, Zélia Duncan, Warner Music 2011
“Sobre todas as coisas”, Zizi Possi, Eldorado 2002
“Este é o Gil que eu gosto”, Zizi Possi, Warner Music 1995
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
cookielawinfo-checkbox-analytics | 11 meses | Este cookie é definido pelo plugin GDPR Cookie Consent. Esse cookie é usado para registrar o consentimento do usuário para os cookies na categoria "Analíticos". |
cookielawinfo-checkbox-functional | 11 meses | Este cookie é definido pelo plugin GDPR Cookie Consent. Esse cookie é usado para registrar o consentimento do usuário para os cookies na categoria "Funcionais". |
cookielawinfo-checkbox-necessary | 11 meses | Este cookie é definido pelo plugin GDPR Cookie Consent. Esse cookie é usado para registrar o consentimento do usuário para os cookies na categoria "Necessários". |
cookielawinfo-checkbox-others | 11 meses | Este cookie é definido pelo plugin GDPR Cookie Consent. Esse cookie é usado para registrar o consentimento do usuário para os cookies na categoria "Outros". |
cookielawinfo-checkbox-performance | 11 meses | Este cookie é definido pelo plugin GDPR Cookie Consent. Esse cookie é usado para registrar o consentimento do usuário para os cookies na categoria "Performance". |
viewed_cookie_policy | 11 meses | Este cookie é definido pelo plugin GDPR Cookie Consent. Esse cookie é usado para registrar se o usuário consentiu ou não com o uso de cookies. Ele não armazena nenhum dado pessoal. |
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
_gat | 1 minuto | Este cookie é instalado pelo Google Universal Analytics para restringir a taxa de solicitação e, assim, limitar a coleta de dados em sites de alto tráfego. |
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
_ga | 2 anos | O _ga cookie, instalado pelo Google Analytics, calcula dados de visitantes, sessões e campanhas e também acompanha o uso do site para o relatório de análise do site. O cookie armazena informações anonimamente e atribui um número gerado aleatoriamente para reconhecer visitantes únicos. |
_gid | 1 dia | Instalado pelo Google Analytics, _gid de cookies armazena informações sobre como os visitantes usam um site, ao mesmo tempo em que criam um relatório de análise do desempenho do site. Alguns dos dados coletados incluem o número de visitantes, sua fonte e as páginas que visitam anonimamente. |
CONSENT | 2 anos | O YouTube define esse cookie através de vídeos incorporados no YouTube e registra dados estatísticos anônimos. |
Cookie | Duração | Descrição |
---|---|---|
VISITOR_INFO1_LIVE | 5 meses 27 dias | Um cookie definido pelo YouTube para medir a largura de banda que determina se o usuário recebe a nova ou antiga interface do jogador. |
YSC | Sessão | O cookie YSC é definido pelo Youtube e é usado para rastrear as visualizações de vídeos incorporados nas páginas do Youtube. |
yt-remote-connected-devices | Nunca | O YouTube define esse cookie para armazenar as preferências de vídeo do usuário usando vídeo incorporado do YouTube. |
yt-remote-device-id | Nunca | O YouTube define esse cookie para armazenar as preferências de vídeo do usuário usando vídeo incorporado do YouTube. |
yt.innertube::nextId | Nunca | Este cookie, definido pelo YouTube, registra um ID exclusivo para armazenar dados sobre quais vídeos do YouTube o usuário já viu. |
yt.innertube::requests | Nunca | Este cookie, definido pelo YouTube, registra um ID exclusivo para armazenar dados sobre quais vídeos do YouTube o usuário já viu. |